Soldados de Israel matam garoto palestino em Gaza

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Por Agencia Estado
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Soldados israelenses assassinaram nesta quinta-feira um garoto palestino de cinco anos em Gaza, disseram fontes palestinas, apenas um dia depois de outro menino ter sido morto após soldados israelenses terem pedido a ele que entrasse na casa de um militante palestino, levando a acusações de que Israel teria usado a criança como "escudo humano". A criança foi assassinada numa área residencial de Khan Younis no centro da Faixa de Gaza, nos arredores de um assentamento judaico. O avô do menino e um outro palestino ficaram gravemente feridos, disseram palestinos, segundo os quais não havia nenhum incidente ocorrendo no local no momento da ação israelense. Num comunicado sobre o caso, o Exército de Israel insistiu na versão de que três palestinos abriram fogo contra soldados e fugiram num carro. Segundo o Exército, seus soldados atiraram de volta e feriram um homem no carro. Os militares informaram "nada saber" sobre alguma criança ter sido atingida. No final do dia, soldados israelenses mataram a tiros dois palestinos armados que se aproximavam de um posto militar, aparentemente para atacar as tropas ou se infiltrar em Israel. Segundo fontes do Exército, os dois carregavam uma grande bomba. Uma dia antes, na Cisjordânia, soldados israelenses demoliram a casa de um ativista do Hamas restrito a uma cadeira de rodas com ele dentro do local. O militante morreu. Momentos antes, soldados obrigaram um rapaz a se aproximar da casa e dizer a todos que se rendessem. Nidal Daraghmeh, de 19 anos, foi baleado na cabeça, apesar de não se saber ao certo quem abriu fogo. Parentes que viram o corpo de Daraghmeh contaram que o rapaz foi baleado na parte de trás da cabeça, o que poderia indicar que o disparo foi efetuado por soldados israelenses que estavam às suas costas. Grupos de defesa dos direitos humanos acusam Israel de ter utilizado o jovem como "escudo humano", numa violação ao direito internacional. Nesta quinta-feira, centenas de palestinos furiosos participaram da cerimônia fúnebre de Nasser Jerar, de 44 anos, o ativista do Hamas morto na demolição da casa. Ele perdeu um braço e as duas pernas em maio de 2001, quando tentava plantar uma bomba, acusa o Exército. Segundo militares, ele estaria recrutando militantes suicidas para o Hamas e planejava um ataque contra um dos prédios mais altos de Israel. O Hamas prometeu vingança. Em Gaza, o porta-voz do grupo, Abdel Aziz Rantisi, disse que a morte "não passará sem uma grande punição". Em meio à violência, foi cancelada uma reunião de alto nível entre funcionários palestinos e israelenses prevista para hoje para discutir uma retirada parcial do Exército israelense estacionado em Gaza. O ministro da Defesa israelense, Binyamin Ben-Eliezer, deveria se encontrar com o ministro palestino de Interior, Abdel Razak Yehiyeh, para debater uma proposta israelense chamada "primeiro Gaza". No entanto, o Ministério da Defesa de Israel informou que a reunião fora adiada. O motivo não foi informado. Autoridades palestinas comentaram sobre a possibilidade de a reunião ser realizada na noite de sábado. Segundo o plano, Israel recuaria suas forças até a periferia dos grandes centros populacionais palestinos para fazer um "teste". Se desse certo, Israel faria o mesmo na Cisjordânia. Os palestinos reclamam que Israel havia incluído a cidade de Belém no mesmo plano e depois mudaram de idéia. Num encontro com o chanceler israelense, Shimon Peres, o ministro palestino Saeb Erekat disse que os palestinos recusavam-se a discutir a atual versão do plano. A situação na Cisjordânia é bem diferente da observada em Gaza. Tropas israelenses invadiram sete das oito maiores cidades palestinas na Cisjordânia após atentados suicidas contra Jerusalém em junho. Os israelenses submetem os palestinos a rígidos toques de recolher. Funcionários palestinos acusam Israel de ter destruído a infra-estrutura de seus serviços de segurança na Cisjordânia, o que impossibilita ações de prevenção a atentados contra israelenses. Ainda nesta quinta-feira, o ministro palestino das Finanças, Salam Fayad, anunciou a criação de uma empresa que gerenciaria os fundos da Autoridade Palestina, uma das reformas exigidas pelos Estados Unidos. A Casa Branca e diversos governos europeus reclamavam havia anos que a estrutura financeira palestina não era transparente e não permitia aos doadores saber em quais projetos beneficentes o dinheiro havia sido aplicado. Para Fayad, a medida "garante a transparência nas contas e encorajará os investidores, principalmente no setor privado".

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