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Soldados incitam rebelião, diz Estado Maior de Israel

Por Agencia Estado
Atualização:

Soldados da reserva e oficiais que recusam-se a servir na Cisjordânia e na Faixa de Gaza estão incitando uma rebelião, acusou nesta sexta-feira o chefe do Estado Maior das Forças Armadas de Israel, Shaul Mofaz. Segundo ele, duras ações serão tomadas contra as dezenas de militares que protestaram voluntariamente nos últimos dias. Na semana passada, 52 reservistas de unidade da linha de frente de combate publicaram uma declaração em jornais israelenses na qual recusavam-se a servir na Cisjordânia e na Faixa de Gaza. O número de soldados aumentou para 110, de acordo com a página do grupo na Internet. O anúncio gerou um dos mais acalorados debates em Israel sobre as operações do Exército judeu na Cisjordânia e na Faixa de Gaza durante os mais de 16 meses de conflitos com os palestinos. Alguns dos militares que aderiram ao movimento disseram ter ficado muito perturbados com as ordens recebidas dos superiores. Um soldado revelou ter sido julgado por uma corte marcial depois de ter-se recusado a disparar a metralhadora contra uma área civil. Ami Ayalon, ex-chefe do Shin Bet, o serviço de segurança de Israel, comentou nesta sexta-feira que os soldados não deveriam recusar-se a servir, mas devem se recusar a obedecer a ordens as quais eles consideram imorais. "Estou preocupado com tão poucas recusas (de ordens) pelos soldados do Exército", disse Ayalon ao Canal 2 da televisão de Israel. "Atirar contra um jovem desarmado é uma ordem ilegal. O número de crianças assassinadas no último ano e meio me assusta demais. Em cada um desses casos, será que não havia outra escolha? Devemos atirar com o objetivo de matar? Estas questões deveriam preocupar a todos nós", declarou. Shaul Mofaz saiu em defesa de seus comandados. "Poucos Exércitos no mundo podem dizer que seus soldados operam nos mesmos níveis de valor e moral das Forças de Defesa israelenses", disse. Mofaz avisou que os oficiais de alta patente entre aqueles que se opuseram conscientemente serão suspensos e exonerados. "Se eles são desobedientes a este ponto, temos meios de lidar com isto", disse. "A meu ver, isto é mais do que se recusar a servir, é uma incitação à rebelião. É um ato grave e sem precedentes." O grupo de militares contrários às ações nos territórios palestinos pretende obter a assinatura de mais de 500 reservistas e convencer o governo a retirar os soldados da Faixa de Gaza e da Cisjordânia. "Nós queremos servir no Exército como força de defesa, não como força de ocupação", reclamou Amit Moshiach, porta-voz dos soldados que aderiram ao abaixo-assinado, em entrevista à Rádio Israel. Numa declaração publicada junto com o abaixo-assinado, o grupo diz que deseja servir em qualquer missão de defesa do Estado, mas alega que a presença dos militares de Israel na Faixa de Gaza e na Cisjordânia não têm este propósito. A ocupação está corrompendo a sociedade israelense e faz com que o Exército perca seu "caráter humano", diz o documento. Todo o homem israelense tem de cumprir três anos de serviço militar obrigatório e deve servir anualmente como reservista durante pelo menos um mês até completar 45 anos.

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