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Soldados israelenses matam mulher de 95 anos

Por Agencia Estado
Atualização:

Soldados israelenses dispararam tiros nesta terça-feira contra um táxi que viajava por uma estrada da Cisjordânia proibida para palestinos e mataram uma mulher de 95 anos. A idosa é a vítima de idade mais avançada da qual se tem notícia nos mais de dois anos do atual conflito no Oriente Médio. A senhora, Fátima Mohammed Hassan, estava sentada no banco traseiro de um táxi com outra mulher, Kifaya Ra´fat, de 41 anos, quando o veículo se dirigiu para um posto de checagem do Exército de Israel na periferia de Ramallah. "Os soldados vieram correndo em nossa direção, atirando para todos os lados", disse a mulher sobrevivente. Depois de quebrarem as janelas, os soldados passaram a atirar contra o carro. Ra´fat foi baleada na coxa e Hassan foi assassinada. Um médido do hospital de Ramallah confirmou que Hassan "foi morta com um tiro nas costas". Segundo uma fonte militar israelense, o carro viajava "rápido demais", por uma estrada da Cisjordânia proibida para os palestinos, e os soldados apenas dispararam "tiros de alerta para o alto". Como o carro não parou, disse o oficial, os soldados então atiraram contra os pneus do carro. Ele disse desconhecer a existência de vítimas no incidente. No hospital, familiares esperavam a chegada do corpo de Hassan. Sua filha, Aisha, de 58 anos, comentou que sua mãe nasceu em 1907. Controle Desde o início do conflito entre israelenses e palestinos, em 28 de setembro de 2000, 1.951 pessoas morreram no lado palestino e 684 perderam a vida no lado israelense. Os soldados israelenses tomaram a cidade de Ramallah e outros centros populacionais palestinos, há alguns meses, alegando a tentativa de impedir atentados contra Israel. O Exército também assumiu o controle sobre as estradas que ligam uma cidade a outra. Em Hebron - única cidade da Cisjordânia onde os colonos judeus vivem perto dos palestinos -, soldados do Exército distribuíram notificações aos moradores palestinos informando que as casas onde moram, ao longo de uma via onde militares foram mortos numa emboscada ocorrida no mês passado, serão destruídas ou confiscadas pelo Exército. A maior parte das casas é velha e algumas estão desocupadas, aparentemente porque os moradores palestinos temem a violência dos colonos judeus. O ministro palestino Saeb Erekat denunciou que a notificação de confisco reflete "a determinação do governo israelense de prosseguir com a atividade dos assentamentos". As notificações, assinadas pelo general Moshe Kaplinski, chefe do comando central do Exército de Israel, avisam que as terras serão tomadas e as casas, destruídas. A intenção do Exército do Estado de Israle é "evitar ataques terroristas e ataques contra civis e militares". O documento diz ainda que a terra confiscada será de "uso exclusivo do Exército". Tumba dos Patriarcas Uma porta-voz do Exército comentou que os palestinos têm três dias para recorrer à Justiça pelo confisco das casas e dois dias pelos terrenos tomados. No local, uma rua que liga o assentamento judaico de Kiryat Arba e a Tumba dos Patriarcas, 12 soldados e seguranças israelenses foram mortos em 16 de novembro por militantes palestinos. Segundo a tradição bíblica, a Tumba dos Patriarcas, sagrada para judeus e muçulmanos, é o local onde foi sepultado Abraão. Em Hebron, 500 colonos judeus vivem no meio de 130 mil palestinos. Enquanto isso, Marwan Barghouti, um líder palestino detido pelas forças israelenses, pediu mudanças na Autoridade Palestina, mas não mencionou o nome do presidente Yasser Arafat. Numa resposta por escrito a questões feitas pela The Associated Press e entregues a ele por seu advogado diz ter "chegado o momento para que alguns líderes e funcionários palestinos deixem seus cargos, depois de terem fracassado em suas funções e responsabilidades nesta batalha decisiva".

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