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Somalis fogem de Mogadiscio em meio a temores de violência

Centenas de somalis reúnem pertences e comida em veículos utilitários e caminhões para fugir da violência que tomou conta da capital

Por Agencia Estado
Atualização:

Centenas de somalis amontoaram pertences e comida dentro de veículos utilitários e caminhões nesta sexta-feira para fugir da violência que tomou conta de Mogadiscio e resultou num dos mais mortíferos choques em 14 anos na abandonada capital da Somália. A cidade estava relativamente calma nesta sexta-feira, mas acreditava-se que novos choques ocorreriam em breve. Combatentes leais a senhores da guerra rivais manobravam caminhões pesados pelas ruas da cidade, numa aparente tentativa de reforçar suas posições. Médicos contactados por telefone em hospitais e clínicas da cidade disseram hoje que o número de mortos nos episódios de violência de ontem subiu para 60. Mais de 150 pessoas ficaram feridas, disse o doutor Abdi Ibrahim Jiya, da Associação de Médicos da Somália. Em Genebra, o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) e o Crescente Vermelho Somali conclamaram as partes em conflito a mostrar contenção e preservar a vida e a dignidade dos feridos, dos prisioneiros e dos civis. As duas organizações destacaram por meio de um comunicado conjunto divulgado hoje que houve mais de 300 mortes em Mogadiscio por causa de episódios de violência envolvendo senhores da guerra rivais desde 18 de fevereiro. Mais de 1.500 pessoas ficaram feridas no período. Histórico da violência A Somália afundou no caos a partir de 1991, quando senhores da guerra derrubaram o ditador Mohamed Siad Barre e depois voltaram-se uns contra os outros. Desde então, o país encontra-se sem um governo central. A situação na Somália assemelha-se em parte ao que ocorreu no Afeganistão. Milícias islâmicas são acusadas de laços com a rede extremista Al-Qaeda e forças seculares de receber ajuda dos Estados Unidos. Os fundamentalistas islâmicos apresentam-se como uma força alternativa capaz de levar ordem ao país. Da mesma forma, o Taleban construiu sua base de apoio no Afeganistão mantendo a ordem com mão de ferro depois de anos de violência generalizada em meio a um conflito entre senhores da guerra locais após a queda do governo comunista. A Somália possui um governo provisório apoiado pela Organização das Nações Unidas (ONU) e que está sediado em Baidoa, 250 quilômetros a noroeste de Mogadiscio. Entretanto, a administração não tem conseguido exercer autoridade em mais nenhum lugar do país, em parte por causa do conflito e também porque os líderes islâmicos o rejeitam por ser um governo que se baseia no Islã.

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