Sonâmbulo irlandês será indenizado por difamação após incidente nu

Donal Kinsella entrou pelado no quarto de uma colega de trabalho e se disse humilhado por reação da empresa.

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Por BBC Brasil
Atualização:

Um sonâmbulo irlandês receberá indenização recorde de 10 milhões de libras (R$ 27,5 milhões) por ter sido difamado por seus ex-empregadores, após entrar pelado no quarto de uma colega de trabalho. Segundo o jornal britânico Guardian, o valor é mais de cinco vezes maior do que qualquer outra indenização já determinada pela Justiça irlandesa em casos de difamação. Donal Kinsella, 67, moveu uma ação contra a mineradora Kenmare Resources, que havia divulgado um comunicado público comentando um incidente ocorrido em julho de 2007, durante uma viagem de trabalho a Moçambique. Na ocasião, Kinsella, empregado da empresa, entrou nu no quarto da secretária da empresa, Deirdre Corcoran. O comunicado, explica o jornal Irish Times, dizia que Kinsella deveria demitir-se do comitê auditor da empresa. Os jurados do caso consideraram que comunicado dava a entender que Kinsella tinha entrado no quarto da colega com segundas intenções. Kinsella alegou na corte que é sonâmbulo, e um estudo independente encomendado pela empresa havia concluído que a entrada no quarto da colega não fora feita de forma consciente. Pagamento O júri decidiu, na última quarta-feira, que Kinsella deverá receber 9 milhões de libras em compensação de danos e 1 milhão de libras pela gravidade das acusações. A defesa disse que vai recorrer da decisão e do valor, mas a corte determinou que ao menos 500 mil libras sejam pagas imediatamente ao acusador. Kinsella comemorou a decisão, alegando que o comunicado público da Kenmare havia feito dele um "motivo de piada" internacional. Segundo o Irish Times, o advogado da empresa defendeu que o tom do comunicado era comedido e responsável e alegou que, caso o incidente em Moçambique não fosse explicado claramente, poderia causar danos à empresa. Até então, a maior indenização determinada pela Justiça irlandesa havia sido de 1,87 milhão de libras, em 2004. O réu no processo foi o jornal Evening Herald, por reportagens que sugeriam que um ministro estava tendo um caso extraconjugal. Em editorial, o mesmo Evening Herald criticou o valor da indenização a ser dada a Kinsella. "Não há motivo para que uma humilhação (como a sofrida por ele) receba uma compensação milhares de vezes maior" do que indenizações prévias concedidas, por exemplo, a vítimas de erros médicos. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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