Sri Lanka e tâmeis iniciam rodada de conversas de paz

Ataques da guerrilha tâmil deixou um soldado morto e três feridos no país

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Por Agencia Estado
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O Governo do Sri Lanka e a guerrilha dos Tigres para a libertação da Pátria Tâmil (LTTE) deram início neste sábado, em Genebra, a uma nova rodada de conversas de paz precedidas por um agravamento do conflito entre as duas partes na ilha. No primeiro dia das negociações, mediadas por representantes da Suíça e Noruega, um soldado morreu e outros três ficaram feridos no país, em dois ataques atribuídos ao LTTE, informaram fontes militares cingalesas. O soldado morreu no distrito nordeste de Batticaloa ao receber vários disparos de supostos rebeldes quando se encontrava de guarda em um posto de controle, indicaram as fontes. Além disso, outros três militares do Exército cingalês ficaram feridos na explosão de uma mina quando o veículo que ocupavam passava pela área de Vavuniya, também no norte do país, assinalou a Polícia do distrito. As conversas deste fim de semana acontecem precedidas por um recrudescimento dos conflitos entre os dois lados, com 130 soldados mortos em uma ofensiva governamental fracassada no norte do país e outros cem em um atentado suicida dos tâmeis em meados de outubro. "Vontade política" A embaixadora suíça Heidi Tagliavini e o ministro norueguês para o Desenvolvimento Exterior, Erik Solheim, pediram às duas partes "vontade política" para chegar a um acordo rapidamente, e que sejam respeitadas as leis humanitárias internacionais. Solheim convidou os chefes das duas delegações, o ministro de Saúde do Sri Lanka, Siripala da Silva, e o líder político do LTTE S. P. Thamilchelvan, a darem as mãos no início das conversas, que acontecem a portas fechadas no Centro de Convenções Internacionais de Genebra e devem ser concluídas no domingo. "A Suíça, como depositária das Convenções de Genebra, lembra às partes em conflito sobre sua responsabilidade em cumprir a lei humanitária internacional, em particular no que diz respeito à proteção dos civis", disse Tagliavini, para quem as consultas "serão bem-sucedidas se a situação da população civil melhorar e a violência diminuir". Solheim, por sua vez, lembrou às duas partes de que o conflito do Sri Lanka tem três aspectos que devem ser tratados de maneira conjunta: o humanitário, o militar e o político. "A comunidade internacional se preocupa muito com a situação no Sri Lanka. O diálogo é mais necessário do que nunca neste momento difícil", disse Solheim, advertindo que "não há apoio para que a guerra continue". Solheim ressaltou que o conflito no Sri Lanka é "um dos mais violentos do planeta" e que a comunidade internacional "está impaciente para ver os resultados" das negociações. Conflitos Os conflitos já causaram mais de 65 mil mortes desde a década de 70, quando o LTTE iniciou um levante armado que, em 1983, se transformou em uma guerra aberta com o objetivo de obter um Estado independente para os tâmeis nas áreas do norte e leste do país, onde são maioria. Esta é a segunda reunião em Genebra entre ambas as partes, depois do fracasso das últimas negociações realizadas em fevereiro de 2006. Na agenda da reunião está o pedido feito pelos tâmeis para que seja reaberta uma estrada que une a península de Jaffna, fechada em agosto, enquanto os cingaleses reivindicam ao LTTE um programa que leve à democracia, ao pluralismo e ao respeito dos direitos humanos. Desde fevereiro de 2006 houve um recrudescimento da violência e, segundo Solheim, e mais de 2.500 pessoas morreram. Em junho houve uma tentativa de retomar as negociações em Oslo, mas a delegação do LTTE não compareceu às reuniões. Cessar-fogo Em 22 de fevereiro do 2002, o Governo cingalês e o LTTE assinaram um acordo de cessar-fogo. Em setembro do mesmo ano, foi iniciado oficialmente um processo de paz, que estava interrompido desde o fracasso da última rodada de 2003 em Hakone, no Japão. Solheim disse que é preciso retomar as negociações "urgentemente" sobre as bases do acordo de 2002 e que seus "resultados sejam aceitos por todas as partes, legitimados por toda a sociedade cingalesa e que não afetem a soberania" da ilha.

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