PUBLICIDADE

Strauss-Kahn é denunciado na França

Jornalista que acusa ex-diretor do FMI de tentativa de estupro diz que ex-secretário do Partido Socialista fez pressão contra revelação

Atualização:

PARISA jornalista e escritora Tristane Banon denunciou ontem o ex-diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI) Dominique Strauss-Kahn por tentativa de estupro em 2003. Em entrevista a uma revista, Tristane envolveu o então secretário-geral do Partido Socialista (PS) francês, François Hollande, afirmando que ele sabia do ataque e conversou com a mãe da jornalista, a dirigente do PS Anne Mansouret, que a teria aconselhado a não fazer a denúncia.A Promotoria de Paris deve agora decidir se leva o processo adiante. A denúncia foi feita no mesmo dia em que o jornal New York Post afirmou que promotores americanos vão retirar as acusações de agressão sexual contra Strauss-Kahn por causa das dúvidas levantadas sobre a credibilidade da vítima. A camareira Nafissatou Diallo, uma imigrante da Guiné de 32 anos, processou o mesmo jornal por afirmar que ela é prostituta.Questionada sobre o motivo pelo qual demorou mais de oito anos para acusar Strauss-Kahn, Tristane afirmou à revista L"Express que sempre foi aconselhada "por todo mundo" a não denunciá-lo. "Que vale a palavra de uma jovem jornalista que prepara o seu primeiro livro? Fazer a acusação para pensarem que eu buscava publicidade? Ele tinha tudo a seu favor, e eu não tinha nada", disse. "Estou farta de ser considerada uma mentirosa."Em 2007, Tristane disse em um programa de TV que um político francês tentou estuprá-la "como um chimpanzé no cio." "O que Dominique Strauss-Kahn fez com Nafissatou Diallo não muda o que sofri", afirmou a jornalista, referindo-se à denúncia feita à Justiça americana. Segundo ela, se o ex-diretor do FMI for absolvido, ela terá ainda mais motivos para provar que foi vítima de uma tentativa de estupro. "Se ela (Nafissatou)mentiu no testemunho, não significa que não tenha sido atacada", defendeu. Os advogados de Strauss-Kahn afirmam que processarão a jornalista por calúnia.Credibilidade em xeque. Kenneth Thompson, advogada da camareira, disse que, independentemente de seus erros, desde o início "Nafissatou descreveu o ataque sexual várias vezes" e com consistência. Ontem, Nafissatou processou o jornal New York Post e cinco repórteres por afirmar que ela "troca sexo com hóspedes por dinheiro". Promotores não descobriram nenhuma evidência do envolvimento da mulher com prostituição. Strauss-Kahn foi liberado da prisão domiciliar por inconsistências no testemunho e nos dados imigratórios da camareira, por depósitos feitos na conta bancária dela e na conversa que teve com um prisioneiro do Arizona. Eleições presidenciais. Com a indefinição sobre o possível retorno de Strauss-Kahn à política, os processos monopolizam as primárias do Partido Socialista, que deve apresentar o rival de Nicolas Sarkozy até o dia 14. Os principais candidatos - François Hollande, Martine Aubry e Ségolène Royal - aparecem na TV apenas para comentar o caso de Strauss-Kahn. Antes das denúncias, o ex-diretor do FMI era o favorito na disputa. / EFE e AP

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.