Sublevação de alto oficial aumenta tensão na Venezuela

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Por Agencia Estado
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A sublevação do contra-almirante Carlos Molina Tamayo provocou novamente rumores sobre descontentamento nas Forças Armadas, enquanto o governo insiste em que tudo está tranqüilo nos quartéis venezuelanos. Molina é o terceiro alto oficial venezuelano em menos de 15 dias a se rebelar contra o governo e exigiu a renúncia do presidente Hugo Chávez. A incerteza política continua prejudicando a debilitada economia venezuelana, que tenta reequilibrar-se após as medidas de ajuste fiscal e cambial adotadas na semana passada pelo governo. Os protestos dos militares foram aproveitados por algumas organizações civis e partidos opositores para reforçar os questionamentos contra a atual administração e pressionar pela saída institucional de Chávez. O mandatário enfrenta as tensões políticas, militares e econômicas em meio à queda de sua popularidade, que baixou de 80% quando assumiu em 1999 para 30% nas últimas pesquisas. Em 7 de fevereiro, o coronel da Aviação Pedro Soto e o capitão da Guarda Nacional Pedro Flores pediram a renúncia de Chávez. Segundo os militares, uma grande parte dos membros das Forças Armadas, integradas por cerca de 100.000 homens e mulheres, compartilha do mal-estar em relação ao atual governo. O ministro da Defesa, José Vicente Rangel, desconsiderou os protestos dos militares, atribuindo-os a "uma pressão importante de fatores interessados em criar situações especiais dentro das Forças Armadas". "É algo normal em uma situação especialmente particular como a que vive o país", disse Rangel. O professor da Universidade Simón Bolívar, Aníbal Romero disse que o caso de Molina "deixou claro, da maneira mais evidente, o grande mal-estar que existe no seio das Forças Armadas pela situação do país e os efeitos que esta situação teve especificamente sobre a instituição militar". O caso do contra-almirante suscitou grande polêmica no país por ser ele o militar de mais alta patente a sublevar-se e devido aos importantes cargos que exerceu durante os três anos de mandato de Chávez. Os três militares dissidentes ainda não receberam sanção disciplinar e estão à espera de um conselho de investigação que se reunirá nos próximos dias no ministério da Defesa para avaliar seus casos e determinar possíveis sanções. O contra-almirante Molina Tamayo desconsiderou a hipótese de vir a ser expulso, tal como ocorreu há dois anos com o coronel da Aviação Silvino Bustillos e ao capitão da Guarda Nacional, Luis García Morales, que foram expulsos de suas corporações por se rebelarem contra o governo. O contra-almirante sustentou que atuou com base na Constituição, que permite aos militares e aos demais cidadãos que se expressem livremente.

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