Sucatão deve ir buscar corpo de Vieira de Mello

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Por Agencia Estado
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As negociações para decidir como o corpo do embaixador Sérgio Vieira de Mello deixaria Bagdá consumiram boa parte do dia. Ele foi retirado dos escombros do Hotel Canal já morto, depois de 5 horas de trabalhos de resgate. O presidente Lula estava preocupado com a possibilidade de o corpo do representante da Organização das Nações Unidas (ONU) sair de capital iraquiana em uma avião da Força Aérea norte-americana, já que os Estados Unidos ocupam aquele país, e insistia que um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) fosse resgatá-lo. Apesar da resistência de alguns setores militares e diplomáticos na arriscada operação que seria realizada, às 21h30 a decisão era de que o Boeing 707 da Presidência, conhecido por Sucatão, decolaria do Rio de Janeiro em direção a Bagdá para pegar Vieira de Mello e, de lá, seguiria para Genebra, na Suíça, onde se encontra parte da família Vieira de Mello. A partir daí, o destino seria definido pelos parentes. Lula ficou de dar o OK final na manhã desta quarta-feira. Parte do governo entendia que o corpo do embaixador poderia deixar o Iraque em um avião da Organização da Nações Unidas, porque, mesmo que fosse de origem norte-americana, a sua bandeira não seria de nenhum país, pois estaria à serviço da ONU. Mas Lula insistia que queria que o embaixador saísse de lá em uma aeronave do Brasil. Por isso mesmo, determinou ao Itamamaty que viabilizasse o projeto. Pouco antes das 22 horas, o Ministério das Relações Exteriores (MRE) já havia entrado em contato com Collin Powel para que se autorizasse o pouso do Sucatão em Bagdá. Powell garantiu ao governo brasileiro que daria todas as garantias não só à aeronave quanto à tripulação. Definido o destino do Boeing, faltava saber para onde iria o corpo do embaixador. O primeiro pouso estava confirmado para Genebra, onde está parte da família dele, e a previsão era de que, de lá, o avião com o corpo seguisse para o Rio de Janeiro. Mas outras mudanças ainda poderiam ser determinadas, de acordo com a vontade dos parentes. A ida de um avião para o Iraque envolve uma série de negociações que tomariam a noite e a madrugada. O Brasil chegou a pedir ajuda à embaixada norte-americana em Brasília. Para que o avião decole do Rio, é necessário também que todos os países que forem sobrevoados concedam autorização de vôo, além dos locais onde o Sucatão vai parar para abastecer. Para chegar a Bagdá, o avião tem que passar por países árabes, o que depende de outras negociações de sobrevôo. Com isso, ainda não havia definição da hora de decolagem do Boeing embora a expectativa fosse de, no mínimo, no final da manhã desta quarta.

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