Sucesso eleitoral leva Chirac a proibir atos de arrogância

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Por Agencia Estado
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O sucesso dos partidários do presidente Jacques Chirac nas eleições legislativas de domingo levou o chefe de Estado a transmitir, por meio de seu primeiro-ministro, Jean-Pierre Rafarrin, uma advertência para que seja evitada, até o segundo turno, dia 16, toda manifestação de arrogância que possa comprometer a vitória. Chirac teria dito que os franceses já não suportam "triunfalismo político" e ele, Chirac, poderia aplicar correções aos que assumirem tal posição. A direita francesa poderá eleger mais de 400 deputados de um total de 577. O novo partido criado por Chirac, a União de Maioria Presidencial (UMP), poderá garantir sozinho a maioria absoluta na Assembléia Nacional (289 cadeiras), tão almejada pelo chefe de Estado para poder aplicar seu programa de governo. Com esse resultado, Chirac vê se afastarem as ameaças da coabitação, as divisões da direita clássica e a pressão da extrema direita, a Frente Nacional (FN), de Jean-Marie Le Pen. A situação do presidente da república é a de alguém que vive atualmente em estado de graça político. A mais recente das surpresas foi a fraca votação do partido de Le Pen - 11,3% isoladamente e 12,6% se somar seus votos aos de Bruno Mégret, do Movimento Nacional Republicano (MNR). Esse partido que se julga prejudicado pelo sistema eleitoral majoritário, em dois turnos, que o impede de obter uma bancada parlamentar, esperava pelo menos atrapalhar a festa da direita clássica. A extrema direita pretendia manter entre 200 e 250 deputados nos distritos onde seus candidatos tivessem obtido mais de 12,5% dos votos. Mas a baixa votação obtida e a fraca participação - apenas 64% -, mudaram os cálculos. A FN poderá provocar eleições domingo em apenas 37 circunscrições eleitorais, reduzindo em muito sua capacidade de atrapalhar os partidos da direita moderada. O presidente havia prometido excluir de seu partido todo candidato tentado a concluir um pacto com a extrema direita lepenista. A partir de domingo, o presidente estará com as mãos livres para aplicar seu programa, mas antes disso terá que cumprir suas promessas de campanha, entre elas a redução de 5% em todas as faixas do imposto sobre a renda, um sinal de que os impostos vão começar a baixar no país. A direita não pretende revogar a lei das 35 horas de trabalho semanal, principal projeto social da esquerda, mas promete tornar mais flexível sua aplicação. Outras medidas urgentes são na área da segurança, cujo simples anúncio pelo ministro do Interior, Nicolas Sarkozy, contribuiu para sua eleição no primeiro turno com 68% dos votos, o melhor resultado dos candidatos do partido do presidente. A dúvida em relação a uma vitória marcante dos partidos de direita que apóiam Chirac no segundo turno é a taxa de abstenção, que foi 36% no primeiro turno. Isso levou Chirac a convocar Rafarrin a manter uma certa sobriedade, não porque tema uma virada de 180 graus no dia 16, mas porque a recente eleição presidencial marcou uma crise social no país.

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