Sucessor de Zarqawi diz que degolou soldados dos EUA

Um grupo ligado à Al-Qaeda no Iraque reivindicou a responsabilidade pela morte dos dois soldados em comunicado publicado na internet nesta terça-feira

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Por Agencia Estado
Atualização:

O novo líder da Al-Qaeda no Iraque foi o mentor e algoz do assassinato de dois soldados americanos seqüestrados na última sexta-feira ao sul de Bagdá, anunciou nesta terça-feira uma coalizão de grupos terroristas iraquianos em um comunicado publicado na internet. A nota do "Conselho Consultivo dos Mujaheddins" afirma que os dois soldados foram "massacrados" e sugere que teriam sido degolados por Abu Hanza as-Muhajer, o susbistituto de Abu Mussab al-Zarqawi na liderança da Al-Qaeda no Iraque. A autenticidade da declaração não pôde ser confirmada. Ela foi publicada em um fórum de um site de militantes islâmicos constantemente utilizado por grupos insurgentes para divulgar comunicados. Antes desta informação vir a público, as Forças Armadas dos Estados Unidos haviam anunciado ter recuperado o que acreditam ser os restos mortais dos soldados Kristian Menchaca, de 23 anos, e Thomas L. Tucker, de 25, desaparecidos na última sexta-feira. Embora tenham sido localizados já na segunda-feira, os corpos só puderam ser recuperados nesta terça, depois que uma equipe de especialistas em explosivos liberou a área em que foram abandonados. Os restos mortais dos soldados foram localizados em meio a um rastro de minas terrestres deixado pelos seqüestradores em uma tentativa de emboscar os militares americanos. Um civil iraquiano, que forneceu informações sobre a localização dos cadáveres, alertou os militares sobre a presença de explosivos no entorno dos corpos. "As forças de coalizão tiveram que manobrar cautelosamente através dos inúmeros dispositivos improvisados deixados no caminho e ao redor dos cadáveres", informou uma nota divulgada pelos militares. O diretor de operações do ministério da Defesa iraquiano, General Abdul-Aziz Mohammed, informou que os corpos mostravam sinais de tortura. "Eles foram mortos de uma maneira brutal", disse. A informação não foi confirmada pelo porta-voz do Exército americano no Iraque, General William Caldwell. O militar disse que não iria tecer comentários sobre as condições em que os corpos foram encontrados. Entretanto, uma fonte militar americana citada pelo The New York Times disse que os dois corpos mostravam evidências de "trauma severo". Análises de DNA serão realizadas para confirmar a identidade dos corpos. Os militares não souberam precisar a causa da morte. Primeiro ato de violência Se o comunicado atribuído ao Conselho Consultivo dos Mujaheddins for verdadeiro, este será o primeiro ato de violência de Muhajer desde sua nomeação como líder da Al-Qaeda no Iraque. Ele sucedeu Abu Musab al-Zarqawi, morto pelos Estados Unidos em um ataque aéreo em 7 de junho. A atribuição dos assassinatos a Muhajer pode ser uma tentativa de levantar a imagem de novo líder. Zarqawi era famoso por decapitar seus reféns, gravar o ato em vídeo e publicá-lo na internet. Ele ganhou o apelido de "Sheik assassino" entre seus seguidores e acredita-se que foi o carrasco de dois americanos - Nicholas Berg, em abril de 2004, e Eugene Armstrong, em setembro de 2004. "Nós damos as boas notícias à nação Islâmica de que cumprimos o veredicto de Deus ao assassinar esses dois cruzados capturados", diz o comunicado atribuído ao Conselho Consultivo dos Mujaheddins. "Com a bênção de Deus, Abu Hamza al-Muhajer executou o veredicto da corte islâmica." O seqüestro Os soldados foram seqüestrados próximo a Youssefiya. O exército dos EUA anunciou na segunda-feira que sete de seus soldados ficaram feridos em operações de busca pelos dois combatentes, desaparecidos após um ataque insurgente na sexta-feira. No ataque, o soldado americano David J. Babineau, de 25 anos, morreu. O Conselho Consultivo dos Mujaheddins, um grupo de árabes sunitas extremistas supostamente ligado à Al-Qaeda no Iraque, assumiu o seqüestro na segunda-feira, mas não ofereceu nenhum vídeo, identidade ou qualquer prova de que estivesse com os soldados. O grupo havia declarado vingança aos EUA pela morte Zarqawi. Mais de 8 mil soldados americanos e iraquianos procuraram os soldados desaparecidos nos últimos dias. Durante as buscas, três suspeitos foram mortos e 34 foram presos. "Eu acredito que os Estados Unidos demoraram muito para reagir. Porque o exército não tem um plano de resgate, meu sobrinho perdeu sua vida", disse Ken MacKenzie, tio de Menchaca, em uma entrevista a rede de televisão NBC. O Conselho Consultivo dos Mujaheddins também declarou ser responsável pelo seqüestro de quatro diplomatas russos no último dia 3, a 400 metros da sede da embaixada russa na capital iraquiana. Youssefiya está situada no chamado "triângulo da morte", que inclui cidades como Iskandariya e Mahmudiya, palcos de freqüentes atentados contra civis e militares iraquianos e contra soldados americanos. O último soldado americano seqüestrado no Iraque foi o sargento Keith M. Maupin, em abril de 2004.

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