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Sudão rejeita plano de envio de tropas da ONU a Darfur

Em carta, presidente Omar Hassan al-Bashir diz que ainda não ficou claro se a União Africana, que mantém 7 mil soldados em Darfur, continuaria controlando a região

Por Agencia Estado
Atualização:

O presidente do Sudão, Omar Hassan al-Bashir, rejeitou um plano provisório da Organização das Nações Unidas para aumentar o número de soldados africanos em Darfur, pedindo mais negociações, apesar de um acordo inicial. Na resposta à carta do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, obtida pela agência de notícias Reuters na sexta-feira, 9, Bashir disse que ainda não ficou claro se a União Africana, que mantém 7 mil soldados em Darfur, continuaria com o controle total. A carta, esperada há seis semanas, eliminou esperanças de que forças de paz da ONU pudessem ser enviadas em breve ao país, ainda que para realizar funções auxiliares em Darfur, onde pelo menos 200 mil pessoas morreram, 4 milhões necessitam de ajuda emergencial e 2,5 milhões estão em acampamentos precários. A carta de Ban detalhava os planos da força temporária da ONU, que contaria com cerca de 3 mil homens, a maioria em unidades de engenharia, logística e médica, além de pilotos de helicóptero. O grupo prepararia o terreno para uma operação bem maior da União Africana e da ONU, com mais de 22 mil soldados e policiais. Em resposta, Bashir escreveu uma carta de três páginas em inglês, e anexou mais 14 páginas em árabe que ainda precisam de tradução. Ele baseou a maioria de suas objeções em provisões do Acordo de Paz de Darfur, ou APD, assinado em maio passado por uma facção rebelde e o governo de Cartum que, segundo ele, vai contra os planos de Ban. Desde a assinatura do APD, o processo seguiu em frente, com um acordo entre a ONU e o Sudão negociado em Adis Abeba em 16 de novembro, endossado pelo Sudão numa reunião da União Africana em Abuja, Nigéria, duas semanas depois. Ainda assim Bashir escreveu: "Propostas que tendem a emendar, anular ou suspender qualquer artigo do APD não são aceitáveis, pois reabrirão as discussões sobre questões que foram acordadas previamente sem dificuldade." Ele acrescentou que está disponível para "discutir qualquer um dos pontos, esclarecer a situação e solucionar questões relevantes". A porta-voz da ONU Marie Okabe disse que a carta do Sudão, recebida na quinta-feira, "contém alguns elementos que parecem pôr em risco o acordo fechado em novembro último em Adis Abeba e Abuja sobre as forças de paz em Darfur". O Conselho de Segurança, que já havia expressado frustração com a demora da resposta à carta de Ban, pretende discutir a questão na próxima semana. Diplomatas ocidentais esperam que a China, importante para que se chegue a um acordo sobre o plano de Adis Abeba, tome uma posição severa, apesar de seus consideráveis interesses no petróleo do Sudão.

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