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Sudão se recusa a entregar cidadãos a tribunal de guerra

Ministro da Justiça diz que governo rejeita julgamento do Tribunal Penal Internacional, que investiga crimes de guerra e contra humanidade em Darfur

Por Agencia Estado
Atualização:

O Sudão se recusou nesta segunda-feira a entregar seus cidadãos ao Tribunal Penal Internacional (TPI), que investiga crimes de guerra e contra a humanidade cometidos na região de Darfur. O ministro de Justiça sudanês, Mohammed Ali al-Murdi, disse que o governo rejeita o julgamento de seus cidadãos pelo TPI, "pois este não possui competência para julgar os sudaneses". Esta decisão é divulgada um dia antes de o tribunal anunciar as acusações e provas de que dispõe sobre os crimes de guerra e contra a humanidade perpetrados contra os habitantes de Darfur. Além disso, espera-se que o TPI anuncie os nomes dos supostos responsáveis pelos crimes, e divulgue as ordens para que sejam detidos. Murdi afirmou que o Sudão não extraditará nenhum responsável do governo, exército ou dos grupos rebeldes, para que sejam julgados no exterior. "A Justiça sudanesa, com sua honestidade e idoneidade, é capaz de processar todos is responsáveis pelas violações aos direitos humanos em Darfur", afirmou. No último domingo, o Ministério da Justiça apresentou perante um tribunal especial diversos oficiais do exército e membros das milícias governamentais, acusados de estarem envolvidos em incidentes ocorridos no oeste de Darfur. O TPI investiga, a pedido do Conselho de Segurança da ONU, os crimes de guerra cometidos em Darfur desde julho de 2002. O conflito teve início em fevereiro de 2003, quando os grupos rebeldes Movimento pela Justiça e a Igualdade (MJI) e Movimento de Libertação do Sudão (MLS) pegaram em armas contra o governo, pela marginalização que sofriam, provocando uma grande catástrofe humanitária. Desde então, cerca de 150 mil sudaneses já foram mortos, cerca de 2 milhões foram deslocados de suas casas, e muitos tiveram que fugir para o Chade.

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