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Suecos provam que social-democratas são mania nacional

Por Agencia Estado
Atualização:

A Suécia. A Suécia? Um pequeno país, lá no alto, no Norte, com pinheiros, Papai Noel, lapões e social-democratas. E justamente ontem, domingo, os social-democratas suecos ganharam as eleições legislativas, com esmagadora vitória sobre a direita. Mais de 40% dos votos foram para os social-democratas enquanto, em sua totalidade, os partidos de direita - conservadores e liberais - não obtiveram mais de 37%. E qual a importância disso? A Suécia não tem o menor peso na Europa. Além disso, os suecos são assim: amam os social-democratas. É mania. Isso acontece desde 1930, os pobres! Os suecos são gentis, mas são socialistas: adoram a Seguridade Social, os impostos muito pesados, a igualdade entre pobres e ricos. E então? Bem, o êxito dos social-democratas suecos não tem a menor influência. Salvo que, neste ano, pela primeira vez, todo o mundo esperava que, enfim, a Suécia abandonasse seus "sonhadores" com a "igualdade absoluta" e que entregasse o poder para pessoas sérias, para aqueles que reduzem os impostos, que favorecem os industriais e as iniciativas pessoais, e azar dos pobres! O que aconteceu foi normal e lógico. Na verdade, há 15 anos, toda a Europa, com a França de Mitterrand à frente, foi rebocada de "cor-de-rosa", ou seja, de socialista. Por toda parte há socialistas: na Itália (até mesmo comunistas, é o cúmulo!), na Espanha, em Portugal, na Inglaterra, nos países nórdicos... Não se podia dar um passo sem cair em um ninho de socialistas... Mas após cinco, dez anos desse tratamento "social-democrata", os europeus reagiram: em poucos meses, os socialistas abandonaram o poder na Itália, na Dinamarca, em Portugal, na Holanda, na França. Sem dúvida, na Inglaterra, o "trabalhista" Tony Blair continua solidamente no cargo, mas é quase tão socialista quanto George W. Bush. E, na Alemanha, daqui a sete dias, as eleições poderão colocar um fim no reinado do socialista Gerhard Schroeder. Assim, toda a Europa se atira na mesma direção - para os territórios do realismo, da racionalidade, dos "negócios" e dos gentis capitalistas. E se a Suécia, social-democrata há quase um século, aderisse à "direita", seria a prova de que o socialismo realmente está agonizando. É nesse sentido que as eleições de ontem, apesar da pequena superfície da Suécia, desempenham um papel importante na história atual da Europa: há cerca de dez anos, a Europa se jogou no realismo, nas finanças, na direita. Assistiu-se a um movimento "profundo", e ainda mais irreversível porque dizia respeito ao conjunto dos países da Europa. Ora, eis que se deu uma anomalia: com o risco de ser ridícula ou então obsoleta, a Suécia continua com brilho "social-democrata". Portanto, é além das fronteiras da Suécia que convém se perguntar sobre a ruína dos partidos conservadores de Estocolmo. E principalmente no que se refere a um outro país socialista, que está ameaçado de cair, no próximo domingo, no patrimônio da direita, um país "peso pesado", a Alemanha, onde o bávaro (como Franz-Joseph Strauss há pouco tempo) Edmund Stoiber, dirigente da CDU (de direita), tenta deitar por terra o dirigente dos socialistas, o atual chanceler Gerhard Schroeder. No mais, foi à Alemanha que o novo vencedor das eleições suecas imediatamente se dirigiu: "Na próxima semana, nossos camaradas (socialistas) alemães podem fazer como nós".

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