Suíça aprova restrição a imigrantes europeus

Iniciativa da extrema direita prevê cotas para estrangeiros; UE ameaça limitar acesso do país a mercado do bloco

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Por Jamil Chade
Atualização:

GENEBRA - A Suíça voltou a colocar barreiras contra imigrantes ao aprovar ontem, em referendo popular, uma proposta da extrema direita de estabelecer cotas para a entrada de imigrantes no país. A regra vale também para os vizinhos europeus e fez crescer temores na Europa de que ela possa abrir caminho para outras medidas restritivas a estrangeiros no continente.Em resposta, a União Europeia (UE) alertou que, caso Berna opte por estabelecer as cotas, os suíços perderão o acesso que têm ao mercado europeu. Para o bloco, o país estaria violando os acordos que mantém com a Europa, seu maior mercado comercial. O "sim" à proposta venceu por uma margem mínima, com 50,3% dos votos. Com a medida, a Suíça transformou-se no primeiro país europeu a colocar barreiras a imigrantes do bloco. O país não faz parte da UE, mas aderiu, em 2009, aos tratados de livre circulação de pessoas sob a condição de que o comércio estaria incluído. Localizada no centro da Europa e com milhares de pessoas que todos os dias cruzam as fronteiras da França, Itália e Alemanha para trabalhar em seu território, os suíços decidiram aprovar a proposta do Partido do Povo Suíço. Pelo projeto, empresas suíças terão de privilegiar empregados nacionais nas contratações, algo que havia sido abolido em 2002, quando todos os europeus passaram a receber o mesmo tratamento. O país estabelecerá um sistema de cotas e limitará o número de familiares que poderão viver com um estrangeiro que trabalhe na Suíça."Esse é um ponto de virada para a Suíça, com consequências profundas", alertou a ministra da Justiça, Simonetta Sommaruga, contrária à proposta. Grupos de empresários e pesquisas mostram que a livre circulação não afetou a taxa de desemprego, estável em 3% desde 2002, quando as barreiras à imigração foram abolidas.

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