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Sul-africana dá à luz criança gestada no fígado

Por Agencia Estado
Atualização:

Um bebê que foi gestado dentro do fígado de sua mãe ? em vez do útero ? nasceu na terça-feira, na África do Sul, e foi batizado de Nhahla ou "sorte", em zulu. Nhahla é o quarto bebê a sobreviver a esse tipo de gestação, entre os 14 casos semelhantes documentados em todo o mundo até hoje. A criança nasceu com 2,8 quilos, depois de uma operação complicada, e foi entubada logo em seguida, por apresentar dificuldades respiratórias. Na quinta-feira, porém, ela já respirava sem aparelhos. A criança e a sua mãe, Ncise Cwayita, de 20 anos, passam bem. "A criança é um verdadeiro bebê milagroso", disse a um jornal sul-africano o professor Jack Krige, especialista em fígado que executou a operação de parto. Quando um óvulo é fecundado, ele atravessa as trompas de falópio até chegar ao útero, onde se desenvolve. No entanto, às vezes o embrião se fixa nas trompas, o que é chamado de gestação ectópica. Em alguns casos ? na proporção de uma em 100 mil gestações ? o óvulo cai das trompas e pode se fixar em qualquer ponto do abdome. Em casos extremamente raros, como o de Nhahla, o embrião se fixa no fígado, uma fonte rica em sangue. O bebê tem, então, a proteção da placenta, mas não a do útero, e corre mais riscos do que na cavidade abdominal. A maioria das gestações fora do útero são abortadas em poucas semanas. Nesse caso, no entanto, os médicos só descobriram que o bebê estava crescendo no fígado quando fizeram um exame nesta semana. O útero da mãe estava vazio, apesar de o parto estar previsto para acontecer em uma semana. Cwayita foi então transferida para o hospital Groote Schuur, na Cidade do Cabo. "Nós sabíamos que se tratava de uma gravidez fora do útero, mas não sabíamos que era no fígado até iniciarmos a operação na manhã de terça-feira", disse o médico Bruce Howard ao jornal Cape Argus. Os médicos encontraram um pequeno espaço em que o saco amniótico (a "bolsa d´água") se conectava com a parede do fígado, através do qual conseguiram parir a criança. Os médicos foram obrigados a deixar a placenta e o saco amniótico dentro do fígado, já que a retirada iria pôr em risco a vida da mãe. Eles acreditam que o organismo vai absorvê-los novamente. O professor James Walker, da Fundação Britânica de Gravidez Ectópica, disse à BBC que gestações abdominais são muito perigosas. "A mãe corre riscos imensos. Uma em 200 mulheres morre antes que se possa fazer qualquer coisa." "O maior problema para o bebê é que ele não é protegido pela parede muscular do útero", completou Walker. As informações são do site da BBC em português. Para ler o noticiário da BBC, que é parceira do estadao.com.br, clique aqui.

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