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Sul das Filipinas pode se tornar novo refúgio do Estado Islâmico

Vídeo publicado recentemente na internet exibiu vários conhecidos líderes islâmicos juntos para divulgar mensagem de apoio ao grupo jihadista; governo filipino nega esta possibilidade

Atualização:

MANILA - Nos últimos meses, diferentes testemunhos apontam que a região sul das Filipinas, onde vários grupos radicais islâmicos permanecem ativos, se transformou no novo refúgio do Estado Islâmico (EI), algo que o governo do país se nega a confirmar.

Um dos indícios mais claros e recentes é um vídeo que começou a circular na internet em janeiro e no qual cerca de 30 homens fortemente armados se declaram seguidores da organização terrorista. 

Extremistas de vários grupos filipinos aparecem juntos em vídeo de apoio ao Estado Islâmico Foto: Divulgação

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Entre os protagonistas das imagens estão vários conhecidos líderes islâmicos da ilha de Mindanao, como Isnilon Hapilon, além de um dos líderes do grupo fundamentalista Abu Sayyaf, Abu Anas al-Muhajir.

São várias as mensagens divulgadas por formações rebeldes filipinas em apoio ao EI, mas esta é a primeira na qual vários grupos terroristas se unem para lançá-la em conjunto.

"A fusão impulsionada pelo EI das formações rebeldes (das Filipinas) e a unificação de seus líderes vai representar um desafio sem precedentes para o governo de Manila", afirmou à imprensa local o especialista em terrorismo Rohan Gunaratna, chefe do Centro Internacional para a Violência Política e o Terrorismo de Cingapura.

"Com a proclamação desta filial do EI no sul das Filipinas, sua influência e sua ideologia provavelmente aumentará na região", acrescentou Gunaratna.

O analista aponta que o próximo passo do Estado Islâmico no sul das Filipinas será estabelecer sua própria província em Mindanao.

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O governo filipino nega esta possibilidade e assegura que, apesar das mensagens divulgadas, a situação não é tão grave. "Até o momento, não há nenhuma conexão crível verificada e nem direta (entre EI e Abu Sayyaf)", disse recentemente o porta-voz das Forças Armadas das Filipinas, Restituto Padilla.

"As recentes declarações de Isnilon Hapilon são parte de sua propaganda e não são necessariamente um reflexo da existência de uma operação terrorista dirigida pelo EI em nosso país", frisou o militar filipino.

No entanto, em dezembro, outro vídeo sobre os campos de treinamento nas Filipinas foi divulgado por uma das contas do EI nas redes sociais. As imagens coincidem com declarações feitas nos últimos meses pelas autoridades locais das áreas mais afetadas pelas guerrilhas radicais islâmicas do sul das Filipinas.

Segundo números divulgados pelo prefeito da cidade de Cotabato, Japal Guiani, em dezembro o Estado Islâmico já tinha conseguido recrutar cerca de mil jovens filipinos na região sul do país. "É alarmante, e nossas forças de segurança deveriam investigar o assunto seriamente", ressaltou.

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Além disso, as Forças Armadas das Filipinas, após vários confrontos com grupos rebeldes, encontraram várias bandeiras do EI, além de artefatos explosivos improvisados, rádios de comunicação, rifles de assalto, pistolas e diversos documentos.

Dos grupos islamitas das Filipinas seguidores do EI, o Abu Sayyaf é um dos mais violentos, e a ele são atribuídos alguns dos atentados mais sangrentos dos últimos anos, além de vários sequestros que são usados para conseguir fundos.

Criado em 1991 por ex-combatentes da guerra do Afeganistão contra a antiga União Soviética, o Abu Sayyaf é um dos vários grupos rebeldes do sul das Filipinas que permanecem ativos, já que não participam do processo de paz iniciado pelo governo de Manila em março de 2014. / EFE

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