"Supersoldado" diz como será o combate

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Por Agencia Estado
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O homem alto de cabelo cortado rente que entrou no restaurante em São Sebastião, litoral norte de São Paulo, na noite de terça-feira podia passar por um surfista algo fora da idade, com sua camisa florida, bermuda desfiada de jeans e velhos tênis nos pés. Ele bebe cerveja, fala espanhol sem sotaque e brinca com o garçom argentino quando pede um prato de peixe com legumes, mas trai o tipo descontraído ao examinar o salão quase vazio e procurar um lugar que o deixe de costas para a parede e de frente para a entrada. Ed J., "com 88 dias e 12 horas de Brasil", trabalha para uma empresa anglo-americana de prospecção sob contrato da Petrobras. Mas é um homem com uma segunda e secreta identidade: ele também é oficial de uma das mais reservadas forças especiais do Exército norte-americano. Ed J. deixou a ativa em abril e tem certeza de que voltará a ser convocado em poucos dias. "Nossos rapazes estão lá, invisíveis e silenciosos entre as montanhas do Afeganistão. Mas estão ativos, garantindo que as bombas caiam no lugar certo. E, quando começar a ação de contato, os meninos do senhor Bin Laden vão saber." O ex-militar permaneceu cinco anos no grupo de elite e se afastou, atraído, admite, pelas possibilidades financeiras oferecidas na companhia especializada em localizar jazidas de petróleo no mar. Para ele, "essa guerra contra o terror será vencida pelas forças especiais, que terão pela frente um desafio à sua competência". As missões iminentes para as quais Ed J. e os prováveis 30.000 integrantes das principais unidades especiais das três armas - Delta, Seal, Rangers, Boinas-Verdes, 23ª Air Wing - serão sempre furtivas e pouco regulares. Fundamentalmente os grupos vão atuar com apoio de helicópteros pesados de transporte e ataque, Black Hawk e Apache. O ex-oficial é cuidadoso com as informações, mas admite que grupos precursores ingleses, do Special Air Service (SAS), e, talvez dos americanos Força Delta e infantaria Boina-Verde, possam ter sido lançados no dia 14 de setembro, apenas 72 horas depois dos atentados e 24 depois do pronunciamento do presidente George W. Bush no Congresso. Essas equipes estabeleceram o contato preliminar com linhas avançadas da Aliança do Norte e prepararam o mapeamento dos alvos na região montanhosa sobre a qual a acuidade dos olhos eletrônicos dos satélites militares é menor. Agora, preparam-se para o momento de decisão. O apoio logístico e eventualmente tático aos rebeldes apoiados pelos Estados Unidos será dado pela 10ª Divisão de de Montanha do Exército, que prepara 2.000 homens para a operação. Os grupos de operações especiais ficarão encarregados das missões de sabotagem, assassinato e "extração furtiva dos líderes de oposição", eufemismo utilizado para designar o seqüestro de chefes do Taleban ou da Al-Qaeda. O apoio ao pessoal virá dos "tanques voadores" - helicópteros Apache e Cobra dotados de canhões rápidos de 30 milímetros, que podem disparar dezenas de foguetes e mísseis especializados (antiblindados, antipessoal, incendiários). Para o cenário afegão, cada supersoldado estará equipado com capacetes integrados com áudio e vídeo; óculos para visão noturna; fuzis M-16A1, de liga leve com mira térmica e designador laser; pistola 9 milímetros de alto impacto e um codificador digital de mensagens. Um em cada cinco estará levando uma metralhadora MP5 com disparador de granadas M40. Leia o especial

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