Suplente do PSL nega irregularidades em reuniões no Paraguai

Alexandre Giordano afirmou que esteve duas vezes no Paraguai e que não se apresentou como suplente de senador

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Por Ricardo Galhardo
Atualização:

O suplente do senador Major Olimpio (PSL-SP), Alexandre Giordano, afirmou nesta quarta-feira, 14, por meio de nota, que esteve duas vezes no Paraguai, na condição de empresário, para tratar da comercialização da energia de Itaipu. Giordano nega, no entanto, que tenha feito uma terceira viagem, conforme mostram registros de entrada no país vizinho divulgados na terça-feira, 13.

Segundo a nota, Giordano esteve em Assunção para um almoço de negócios no dia 9 de abril, no qual foi revelado que a estatal paraguaia Administração Nacional de Energia (Ande) estaria interessada em vender energia a empresas estrangeiras.

Alexandre Giordano (1ª fila, à direita) ao lado do senador Major Olimpio e de outros políticos na cerimônia de diplomação do TRE-SP em dezembro de 2018 Foto: Felipe Rau/Estadão

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“Nesse almoço, foi divulgado que a Ande estaria interessada em comercializar energia com empresas estrangeiras, e que seria realizada uma reunião na estatal, com seus representantes para apresentação de um plano de comercialização de energia elétrica do Paraguai, sendo informado também que empresas argentinas e coreanas já haviam demonstrado interesse no negócio”, diz a nota.

O texto não diz quem mais participou do almoço, ocorrido mais de um mês antes de os governos do Brasil e Paraguai firmarem um acordo que repactuava a divisão de energia de Itaipu. O acordo foi cancelado depois que o caso veio à tona, no início deste mês.

Giordano diz que voltou ao país vizinho no dia 9 de maio, desta vez a Ciudad del Este, na Tríplice Fronteira, para uma reunião agendada pela Ande, da qual teriam participado Adriano Rosa, representante da Léros, empresa brasileira interessada na comercialização de energia paraguaia, e o então presidente da Ande, Pedro Ferreira.

Usina de Itaipu, em Foz do Iguaçu; diferença no preço que empresas de energia do Brasil e do Paraguai pagam está no centro de impasse Foto: Alexandre Marchetti/Itaipu Binacional

Ferreira renunciou ao cargo alegando discordâncias com os termos do acordo e entregou ao Ministério Público trocas de mensagens com o presidente, Mario Abdo Benítez, e o vice-presidente do Paraguai, Hugo Velázquez, além do advogado José “Joselo” Rodríguez, que se apresentava como assessor jurídico da vice-presidência e dizia que a Léros e Giordano representavam “o governo brasileiro” e a “família presidencial”.

“A reunião durou cerca de 15 minutos, sendo bem objetiva e técnica, por fim o presidente da Ande informou que poderia comercializar energia com empresas brasileiras, baseando-se na cláusula XIV do Tratado de 1973, bem como pelas revisões realizadas em 2009 (no acordo entre os então presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Lugo)”, diz a nota.

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No texto, Giordano diz que em momento algum se apresentou como suplente de senador e nega que tenha ido a Assunção no dia 25 de junho, conforme mostram registros de vôo obtidos pelo jornal paraguaio ABC Color em colaboração com o Estado.

Ele diz que desistiu do negócio depois que a Ande publicou as condições para a comercialização, no dia 22 de junho, e viajou para Paris no dia 23 de junho.

Na terça-feira, 13, Giordano foi procurado duas vezes pela reportagem, mas se recusou a falar sobre as viagens.

Leia a nota na íntegra

Nota de Esclarecimento à Imprensa:

Alexandre L. Giordano, representante do Grupo Giordano, vem em atenção à imprensa, em virtude das notícias referente a compra de energia no Paraguai, divulgadas pela imprensa Paraguaia e Brasileira, esclarecer:

Em 09 de Abril de 2019 estive em um almoço de negócios, na cidade de Assunção, capital do Paraguai, na qualidade de empresário, representando minha empresa, pertencente ao GRUPO GIORDANO, a qual foi fundada em 13/03/1992 por minha família.

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Nesse almoço, foi divulgado que a Companhia de Energia Paraguaia (ANDE) estaria interessada em comercializar energia com empresas estrangeiras, e que seria realizada uma reunião na Estatal, com seus representantes para apresentação de um plano de comercialização de energia elétrica do Paraguai, sendo informado também que empresas Argentinas e Coreanas já haviam demonstrado interesse no negócio.

No dia 09 de Maio de 2019, estive presente na reunião marcada pela ANDE, em sua unidade localizada em Cidade del leste, representando o Grupo Giordano. Estavam presentes também na reunião, o Presidente da ANDE, Engenheiro Pedro Ferreira, três representantes da Estatal Paraguaia, além do Sr. Adriano Rosa, o qual representava o Grupo Leros. Na reunião fomos informados que a ANDE estaria lançando nos próximos dias um “Chamamento Público” para comercialização de Energia.

A reunião durou cerca de 15 minutos, sendo bem objetiva e técnica, por fim o Presidente da ANDE informou que poderia comercializar energia com empresas brasileiras, baseando-se na cláusula XIV do Tratado de 1973, bem como pelas revisões realizadas em 2009.

No dia 22 junho de 2019, foi publicado no jornal Paraguaio “Última Hora” pag. 57 a convocação de interesse de comprar energia da ANDE (novas demandas), com prazo de encerramento para o dia 16 de agosto de 2019.

Após analisar as exigências estabelecidas no edital de “Chamamento Público”, publicado no dia 22 de junho de 2019, decidi não participar do processo para compra de energia da ANDE.

Ao contrário do noticiado por veículos de imprensa, não estive no Paraguai no dia 25 de Junho de 2019, pois viajei para Paris (França) no dia 23 de Junho de 2019, retornando para o Brasil somente no dia 01 de Julho de 2019.

Cabe ressaltar que em momento algum me apresentei para qualquer pessoa no Paraguai como Suplente de Senador, ou como político, sempre me apresentei como empresário, representante do Grupo Giordano.

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Por fim, informamos que sempre estaremos disponíveis a Imprensa, lembrando que a tradição da Família Giordano como empreendedora vem a décadas, tendo o Empresário Alexandre L. Giordano começado sua vida empresarial, vendendo “Hot Dog” na região da Rua 25 de marco em São Paulo, tendo conquistado seu espaço nos negócios com o muito suor e honestidade.

Correções

O suplente do senador Major Olimpio (PSL-SP), Alexandre Giordano, afirmou ontem por meio de nota que esteve duas vezes no Paraguai, na condição de empresário, para tratar da comercialização da energia de Itaipu. Giordano nega, no entanto, que tenha feito uma terceira viagem, conforme mostram registros de entrada no país vizinho divulgados na terça-feira. Segundo a nota, Giordano esteve em Assunção para um almoço de negócios no dia 9 de abril, no qual foi revelado que a estatal paraguaia Administração Nacional de Energia (Ande) estaria interessada em vender energia a empresas estrangeiras. “Nesse almoço, foi divulgado que a Ande estaria interessada em comercializar energia com empresas estrangeiras, e que seria realizada uma reunião na estatal, com seus representantes para apresentação de um plano de comercialização de energia elétrica do Paraguai, sendo informado também que empresas argentinas e coreanas já haviam demonstrado interesse no negócio”, diz a nota. O texto não diz quem mais participou do almoço, ocorrido mais de um mês antes de os governos do Brasil e Paraguai firmarem um acordo que repactuava a divisão de energia de Itaipu. O acordo foi cancelado depois que o caso veio à tona, no início deste mês. Giordano diz que voltou ao país vizinho no dia 9 de maio, desta vez a Ciudad del Este, na Tríplice Fronteira, para uma reunião agendada pela Ande, da qual teriam participado Adriano Rosa, representante da Léros, empresa brasileira interessada na comercialização de energia paraguaia, e o então presidente da Ande, Pedro Ferreira. Ferreira renunciou ao cargo alegando discordâncias com os termos do acordo e entregou ao Ministério Público trocas de mensagens com o presidente, Mario Abdo Benítez, e o vice-presidente do Paraguai, Hugo Velázquez, além do advogado José “Joselo” Rodríguez, que se apresentava como assessor jurídico da vice-presidência e dizia que a Léros e Giordano representavam “o governo brasileiro” e a “família presidencial”. “A reunião durou cerca de 15 minutos, sendo bem objetiva e técnica, por fim o presidente da Ande informou que poderia comercializar energia com empresas brasileiras, baseando-se na cláusula XIV do Tratado de 1973, bem como pelas revisões realizadas em 2009 (no acordo entre os então presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Lugo)”, diz a nota. No texto, Giordano diz que em momento algum se apresentou como suplente de senador e nega que tenha ido a Assunção no dia 25 de junho, conforme mostram registros de vôo obtidos pelo jornal paraguaio [ITALIC]ABC Color[/ITALIC] em colaboração com o [BOLD]Estado[/BOLD]. Ele diz que desistiu do negócio depois que a Ande publicou as condições para a comercialização, no dia 22 de junho, e viajou para Paris no dia 23 de junho. Na terça-feira, 13, Giordano foi procurado duas vezes pela reportagem, mas se recusou a falar sobre as viagens.

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