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Surgem primeiros nomes do futuro governo afegão

Por Agencia Estado
Atualização:

As conversações patrocinadas pela ONU para a criação de um governo de transição no Afeganistão, que vêm se realizando há uma semana em Bonn, na Alemanha, entraram num ritmo lento hoje, com os vários grupos tentando chegar a um acordo sobre quem deverá ocupar os postos-chave. A coalizão Aliança do Norte (AN) sugeriu quatro nomes para chefiar o conselho executivo que dirigiria o país por um período inicial de seis meses, até a convocação de uma Loya Jirga (grande assembléia de chefes tribais, anciãos e líderes de facções). O vice-primeiro-ministro da Aliança do Norte, Abdur Rasool Sayyaf, disse que os nomes incluíam Hamid Karzai, um destacado comandante anti-Taleban; e Abdul Sattar Sirat, o chefe da delegação do ex-rei Mohamed Zahir Shah, exilado na Itália.; o ex-presidente afegão Sibgatullah Mujadedi (que ocupou o cargo por um breve período em 1992); e um outro partidário do ex-rei, Sayed Ahmed Gailani. Participam da conferência interafegã de Bonn as delegações da Aliança do Norte, do ex-rei afegão, do Grupo de Chipre, formado por intelectuais exilados e apoiados pelo Irã, e do Grupo de Peshawar, de afegãos também no exílio, vinculados ao Paquistão. Os dois mais cotados são Karzai e Sirat. O comandante Karzai tem a vantagem de representar os pashtuns, o grupo étnico mais numeroso do Afeganistão, e de ser um moderado no espectro político afegão. No entanto, ele pode não ser bem-recebido pelos pashtuns pelo fato de ter o apoio dos EUA, que o ajudaram a entrar clandestinamente no país para lutar contra o Taleban semanas depois do início dos bombardeios norte-americanos. Atualmente é um dos comandantes das forças que tentam desalojar o Taleban de Kandahar. Sirat foi ministro da Justiça durante o reinado de Shah, deposto em 1973, e no momento é um scholar exilado nos EUA. Seu nome pode ser mal recebido no país por ser da minoritária etnia usbeque. Segundo diplomatas, o plano da ONU prevê um conselho executivo interino de 29 membros para governar o Afeganistão e um conselho independente de anciãos para convocar uma assembléia tribal no fim de um período de seis meses. Durante esse período, o governo interino formularia uma Constituição e definiria o modo de transferência do poder. O ex-rei Shah poderia ser nomeado chefe simbólico desse processo e convocar a primeira Loya Jirga. Os participantes da conferência já concordaram com o envio de uma força multinacional de segurança para manter a ordem e a lei em Cabul e possivelmente em outras áreas. Mas há dúvidas sobre a possibilidade de haver um acordo viável, uma vez que persistem sérias divergências dentro da Aliança do Norte, expressadas pelo líder em Cabul, o ex-presidente afegão Burhanuddin Rabbani, que governou o país de 1992 a 1996, quando foi deposto pelo Taleban. Ele voltou ao Afeganistão há cerca de três semanas e se proclamou presidente do país. Em uma entrevista ao diário norte-americano Washington Post, Rabbani defendeu a criação de um corpo executivo interino acima do conselho executivo e deixou claro que ele comandaria esse órgão. Leia o especial

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