Suspensão de chefe do Supremo gera protestos no Paquistão

Centenas de manifestantes, entre eles líderes políticos e advogados, foram detidos após violentos confrontos com as forças de segurança durante as manifestações

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Por Agencia Estado
Atualização:

Manifestantes paquistaneses saíram às ruas de Islamabad nesta sexta-feira, 16, para protestarem contra a suspensão do presidente da Supremo Tribunal, Iftikhar Mohammed Chaudhry, por abuso de autoridade e má conduta. Chaudhry, respeitado por suas posições independentes, foi suspenso pelo presidente paquistanês, Pervez Musharraf, há uma semana. Centenas de manifestantes atiraram pedras na polícia, entre eles líderes políticos e advogados, e foram detidos após violentos confrontos com as forças de segurança durante as manifestações. A polícia paquistanesa lançou bombas de gás lacrimogêneo na direção de participantes de um protesto contra a suspensão de Chaudhry. Os distúrbios ocorreram pouco antes do magistrado chegar à sede do Supremo para comparecer perante os juízes que analisam o caso. No lado de fora, a indignação dos manifestantes tornou-se violenta depois que agentes de segurança lançaram bombas de gás lacrimogêneo. Centenas de policiais e soldados paramilitares vigiavam as ruas de Islamabad. A polícia também invadiu os estúdios da emissora de televisão Geo, que teve um de seus noticiosos mais populares tirado do ar, aparentemente por causa da cobertura da crise legal. Apesar da polícia ter levantado barricadas na rua que leva ao edifício, milhares de pessoas conseguiram chegar ao tribunal para protestar. Os advogados e militantes dos partidos políticos foram ao local levando cartazes e gritando slogans contra Musharraf, em uma tentativa de se solidarizar com Chaudhry. Afastamento de Chaudhry As questões pelas quais os paquistaneses se manifestam são normalmente criticadas por líderes do Ocidente. No entanto, desta vez, a briga é pelo abuso de autoridade do presidente paquistanês, Pervez Musharraf, e suas ações políticas. Musharraf afastou o presidente do Supremo Tribunal com base em acusações não detalhadas de abuso de poder. A suspensão alimentou acusações de que o presidente militar estaria tentando tornar o Judiciário subserviente ao Executivo às vésperas das eleições no país. Os fatos ocorreram depois das autoridades deterem ontem à noite cerca de 700 ativistas políticos e 300 advogados em Islamabad e na cidade de Rawalpindi ao anunciarem sua intenção de assistir ao julgamento. O presidente do Paquistão suspendeu Chaudhry de seu cargo na sexta-feira passada, após afirmar ter recebido várias queixas de conduta inadequada, abuso de autoridade e outras ações que iam contra o posto que representava. A suspensão foi tachada de ilegal pelas principais associações de magistrados do Paquistão, que esta semana protagonizaram várias mobilizações que paralisaram parcialmente a atividade judicial em todo o país. Analistas políticos e oposição política suspeitam que a intenção de Musharraf em sacrificar a independência do judiciário é remover o juiz de grande influência. No entanto, o presidente não previu a tempestade política que esta ação poderia gerar. Até o governo americano, que elogia Musharraf por liderar o país tendo em vista a democracia e ajuda na luta contra a Al-Qaeda expressou preocupação em uma das maiores crises que o país vive desde que o líder tomou posse em 1999. O caso está atualmente nas mãos do Conselho do Tribunal Supremo, que deve examinar as acusações.

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