Suspensas votações para escolher representante da AL no Conselho de Segurança

Uma reunião entre os países da América Latina acontece nesta quarta-feira para tentar resolver o impasse

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Por Agencia Estado
Atualização:

As votações para escolher um representante latino-americano no Conselho de Segurança das Nações Unidas (CS) seguem suspensas até quinta-feira para dar tempo de os dois candidatos, Guatemala e Venezuela, procurarem soluções para o empecilho no processo. A presidente da Assembléia Geral, Sheikha Haya Rashed al-Khalifa, anunciou a decisão após consultar ambos os países, que não conseguiram obter o apoio necessário em nenhuma das 22 votações realizadas nos dois últimos dias. "Esperamos que com este tempo seja possível alcançar uma solução. Caso não se consiga, apresentarei minhas próprias propostas, assumindo minhas funções de presidente", declarou. Na ultima votação, a Guatemala obteve 102 votos e a Venezuela, 77. Houve ainda 12 abstenções, o número mais alto até o momento. O embaixador da Venezuela na ONU, Francisco Arias Cárdenas, explicou aos jornalistas que a proposta de suspender as votações durante 24 horas partiu da presidente da Assembléia, numa tentativa de "iniciar um processo de reflexão". "Agora é hora de refletir, de consultar, de definir com plena liberdade a decisão a ser tomada", disse o representante da Venezuela, que recebeu entre 75 e 85 votos em todas as votações de terça-feira. Uma queda de braço entre EUA e Venezuela O diplomata venezuelano voltou a atacar os EUA pelas pressões que este país tem exercido sobre certos membros da ONU. Além disso, destacou que gostaria que a disputa fosse travada entre "dois países irmãos que aspiram a um mesmo assento no Conselho". A Guatemala, por sua vez, teve entre 100 e 112 votos, embora em nenhum caso tenha obtido o apoio dos dois terços da Assembléia necessários para ocupar a vaga da Argentina em 1º de janeiro de 2007. O ministro das Relações Exteriores guatemalteco, Gert Rosenthal, reiterou que seu país não abandonaria a briga pela vaga no CS, por considerar que "ainda tem muitas chances". Ele acrescentou que "não gosta ver as divisões que existem", especialmente dentro da América Latina e no seio da ONU, mas que, como país pequeno, que nunca ocupou um assento no Conselho, a Guatemala continuará lutando pela cadeira. "Não esperaremos semanas e semanas. Se nos próximos três ou quatro dias não houver uma solução, tomaremos uma decisão", declarou. Diante da incapacidade de declarar um vencedor, existe uma pressão cada vez maior para que se busque um novo candidato de consenso que possa quebrar a estagnação, apesar de tal possibilidade ainda não ter sido considerada formalmente. México, que apóia a Guatemala, e o Chile, que se absteve na maioria das votações, foram alguns dos países que se mostraram a favor da escolha de um novo candidato de consenso. Mas, para isso, os atuais concorrentes precisariam se retirar da disputa. O embaixador do Brasil na ONU, Ronaldo Mota Sardenberg, pediu paciência, já que "a diplomacia caminha devagar", após manifestar que ainda não existe um candidato de consenso que possa romper a estagnação do processo. Já o embaixador do Equador, Diego Córdovez, convocou uma reunião informal do grupo de países da América Latina e do Caribe na ONU (Grulac), nesta quarta-feira, para avaliar a situação e buscar possíveis soluções. "Os candidatos oficiais estão muito firmes em sua decisão de se manterem na disputa. Devemos respeitá-los, já que é seu direito", declarou o diplomata, cujo país apóia a Venezuela. Entre os países que apontados como possíveis candidatos de consenso estão Uruguai, Costa Rica, Panamá e República Dominicana. No entanto, tudo são só especulações.

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