
14 de novembro de 2010 | 09h23
YANGUN - A líder opositora e ganhadora do Nobel da paz, Aung San Suu Kyi, fez neste domingo, 14, um pedido a todas as forças democráticas para trabalharem juntas em favor de Mianmar, em seu primeiro comício político um dia depois de ser libertada.
"Quero trabalhar com todas as forças democráticas", manifestou Suu Kyi, de 65 anos, que pronunciou seu primeiro discurso oficial após cumprir sete anos e meio de prisão domiciliar por se opor à Junta Militar.
Milhares de seguidores levavam cartazes com mensagens de apoio na antiga sede de seu partido dissolvido, a Liga Nacional para a Democracia (LND), em Yangun.
"A liberdade de expressão é básica dentro da democracia. Quero escutar a voz do povo e, depois, decidiremos o que queremos fazer", afirmou a filha do herói nacional Aung San.
"Democracia é quando o povo exerce o controle sobre o Governo. Eu sempre aceitarei este tipo de controle", disse Suu Kyi, que também falou para os militares que governam o país desde o golpe de Estado de 1962 e que nunca reconheceram a vitória da LND no pleito de 1990.
"Não tenho nenhum antagonismo em relação às pessoas que me mantiveram em prisão domiciliar. Os agentes de segurança me trataram bem e quero pedir que também tratem bem o povo", acrescentou Suu Kyi, vestida com uma blusa vede escura e com o cabelo enfeitado com
Flores.
Sábado à noite, mais de três mil seguidores comemoraram em frente à casa de Suu Kyi quando os soldados retiraram as cercas e os arames farpados, e quase não puderam conter a emoção quando a líder apareceu.
Fontes da LND indicaram que a libertação foi "incondicional", mas existe o temor de que os militares possam voltar a prendê-la com qualquer desculpa como fizeram no passado.
Em maio do ano passado, as autoridades a acusaram de violar a prisão domiciliar, depois que um ex-militar americano entrou em sua na casa, e acrescentaram 18 meses de condenação.
A sentença foi dada para que a "Dama", como é chamada por muitos birmaneses, não pudesse participar das eleições deste ano.
Apesar de a apuração manual ainda não ter terminado, o Partido da Solidariedade e do Desenvolvimento da União, do primeiro-ministro do país, o ex-general Thein Sein, já declarou vitória por maioria absoluta.
A maioria dos líderes mundiais comemoraram a libertação de Suu Kyi, ao mesmo tempo que lembraram que outros 2,1 mil presos políticos continuam na cadeia ou detidos em suas casas.
"Se Aung San Suu Kyi vive na prisão de sua casa ou na prisão de seu país, não muda o fato de que ela, e a oposição à qual representa, foi sistematicamente silenciada, presa e não teve a oportunidade de participar do processo político", assinalou o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama.
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