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Tailândia emite ordem de detenção por 'terrorismo' contra ex-premiê

Do exílio, Thaksin Shinawatra diz que atual governo é responsável por violações dos direitos humanos

Atualização:

BANGCOC - Um juiz tailandês emitiu nesta terça-feira, 25, uma ordem de detenção contra o deposto ex-premiê Thaksin Shinawatra, acusado de terrorismo por supostamente ter instigado a violência dos "camisas vermelhas" na capital.

 

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A ordem tinha sido solicitada ao Tribunal Penal de Bangcoc pelo Departamento de Pesquisas Especiais da Polícia, que tinha apresentado como prova um vídeo no qual supostamente Shinawatra encorajava seus seguidores a cometer atos violentos.

 

Essa mesma mensagem foi divulgada antes que centenas de manifestantes antigovernamentais saqueassem e incendiassem vários prédios da capital ao serem desalojados da zona do centro comercial que tinham ocupado em 3 de abril.

 

Do exílio, Shinawatra enviou um comunicado a Tailândia para manifestar que a ordem judicial faz parte dos esforços do Governo com objetivo de destruí-lo politicamente.

 

O ex-líder precisou que a conspiração para destruir sua carreira política começou com o golpe militar de 19 de setembro de 2006, que acabou com seu mandato.

 

Shinawatra negou de forma insistente durante os últimos dois meses de manifestações que ele coordenasse os chamados "camisas vermelhas" e na semana passada condenou a violência, embora tenha ressaltado que é responsabilidade do Governo encontrar e levar diante da justiça aos culpados pelos atos de terrorismo.

 

Ao todo, 85 pessoas morreram entre eles um cinegrafista japonês e um fotógrafo italiano.

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Shinawatra culpa por muitas destas mortes os excessos das forças de segurança tailandesas.

 

Segundo a agência de notícias AFP, ele afirmou nesta terça-feira que o atual governo é responsável por violações dos direitos humanos durante os atos das forças de segurança que retiraram os manifestantes de Bangcoc na semana passada.

 

Ainda segundo a AFP, o homem de negócios lembrou da repressão do exército em 1976 sobre um movimento de estudantes pró-democrático em Bangcoc, que deixou dezenas de mortos.

 

"Em 2010, ocorreu de novo. Mas desta vez os manifestantes pró-democracia são campesinos e o governo atual, apoiado pelos militares, os qualifica como terroristas", declarou Shinawatra.

 

"A junta na Tailândia deve ser considerada responsável por estes mortos e violações dos direitos humanos", acrescentou.

 

O ex-primeiro-ministro tailandês, condenado à revelia em 2008 a dois anos de prisão por abuso de poder, figura em uma lista oficial de 13 empresas e 93 indivíduos que, segundo o Governo, financiaram os protestos.

 

Shinawatra é considerado o líder espiritual dos "camisas vermelhas" e quase diariamente se dirigiria a eles com mensagens por televisão a partir do exílio, onde permanece à margem da justiça, apesar das várias ordens de prisão contra si.

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A legislação tailandesa castiga os delitos de terrorismo com pena de morte, e está previsto que nos próximos dias se apresentem as mesmas acusações contra oito dos nove chefes dos "camisas vermelhas" que se entregaram às forças de segurança.

 

O único que segue foragido é Arisman Pongruangrong, ex-cantor que há um mês ganhou fama depois de escapar dos soldados que queriam prendê-lo utilizando uma corda enquanto tudo era registrado por câmeras de televisão.

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