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Taiwan estuda ''solução Porto Rico'' para impasse

Analistas não descartam tese de tornar ilha, cuja economia depende de Pequim, um Estado associado da China

Foto do author Angela  Perez
Por Angela Perez e TAIPÉ
Atualização:

Numa nova etapa de sua vida política e econômica, com o retorno ao poder, na semana passada, do Partido Nacionalista (Kuomintang), Taiwan estuda formas de superar o impasse com o a China - para a qual a ilha é uma província rebelde. Durante seus oito anos de governo, o Partido Democrático Progressista, que deixou o poder, manteve uma pouco produtiva política de confronto com Pequim. Segundo o professor Ho Kuo-shih, da Universidade Providence, em Taipé, estudiosos taiwaneses vêm apoiando a idéia de que, em longo prazo, Taiwan poderia tornar-se um Estado associado da China - como Porto Rico em relação aos EUA. Para Ho, a política do último governo levou Taiwan a perder posições. ''É preciso que a nova administração dê prioridade à reforma econômica e a um entendimento com a China. Creio que Pequim também quer melhorar as relações e, se deixarmos a disputa diplomática de lado, Taiwan ganhará mais espaço comercial.'' A pequena ilha, de 35 mil km2 e 23 milhões de habitantes, tem às suas portas uma potência de 9 milhões de km2 e uma população de 1,3 bilhão, que ameaça usar a força para obter sua reunificação. Taiwan abrigou os nacionalistas de Chiang Kai-chek em 1949, após a derrota para os comunistas. Taiwan, que chegou a ser um dos ''tigres asiáticos'', hoje tem forte dependência econômica da China, apesar de ter-se tornado um dos principais produtores na área de informática.Em 20 anos, os taiwaneses investiram US$ 100 bilhões no continente, onde possuem 100 mil empresas. A China tornou-se o maior mercado exportador de Taiwan e a segundo fonte de importação, atrás do Japão. No entanto, enquanto os chineses do continente estão submetidos a um regime repressor, os taiwaneses vivem uma democracia que, apesar de recente - realizaram suas primeiras eleições presidenciais em 1996 -, se consolida a cada dia. Uma reunificação, nesse quadro, é temida pelos habitantes da ilha. O novo presidente taiwanês, Ma Ying-jeou, disse que não negociará uma reunificação com a China, mas também não reivindicará a independência da ilha - o que manteria o status quo de indefinição, de forma semelhante a Porto Rico. Para Victor Shih, especialista em Ásia da Northwestern University, a China tentará pressionar pela reunificação, mas de forma gradual, como a intensificação das ligações aéreas e marítimas. ''Ma vai apoiar essas iniciativas, mas deve levar em consideração as preocupações da população. Se os eleitores acharem que as coisas estão indo rápido demais, ele poderá adiar novas ligações com a China'', disse Shih ao Estado. ''Há um consenso entre os taiwaneses de que a ilha deve manter a soberania, apesar de não ser reconhecida internacionalmente como país.'' A repórter viaja a convite do governo de Taiwan

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