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Talebã leva ONU a reavaliar operação no Paquistão

Representante americano disse que militantes podem lançar ataques durante a enchente no país.

Por BBC Brasil
Atualização:

Um porta-voz da ONU na capital do Paquistão, Islamabad, disse nesta quinta-feira que a organização está reavaliando seus procedimentos de segurança no país depois que surgiu a alegação de que o Talebã planeja ataques que poderiam ter seus funcionários como alvo. Um funcionário do governo dos Estados Unidos disse que o Talebã no Paquistão quer atacar estrangeiros que atuarem na ajuda humanitária aos afetados pelas enchentes no país. O funcionário, que pediu para não ter seu nome revelado, disse à BBC que o Talebã planeja "realizar ataques contra estrangeiros participando dos esforços presentes nas operações humanitárias no Paquistão". Ele também disse que "ministros do governo federal em Islamabad" estão sob ameaça. Segundo a ONU, a alegação é séria e qualquer mudança que venha a ser adotada no atendimento às vítimas das cheias vai tornar o trabalho mais lento e caro. Doações Este é o primeiro alerta do governo americano sobre ameaça do Talebã no Paquistão desde o começo das enchentes. Na semana passada, o governo paquistanês havia alertado que a tragédia no país pode fortalecer grupos de insurgentes, como o Talebã. Os Estados Unidos estão entre os países que enviaram doações ao Paquistão. A Agência Internacional de Desenvolvimento dos Estados Unidos afirma ter doado US$ 150 milhões para as vítimas das enchentes. A ONU afirma que mais de 17 milhões de pessoas já foram afetadas pelas enchentes provocadas pelas chuvas de monções deste mês, e cerca de 1,2 milhão de casas foram destruídas. Cerca de cinco milhões de paquistaneses não têm abrigo e precisam urgentemente de barracas para se protegerem do sol. O Paquistão recebeu a promessa de mais de US$ 700 milhões em ajuda internacional. No norte do Paquistão, o nível das águas já está diminuindo e a ONU solicitou mais helicópteros para ajudar 800 mil pessoas que estão sem conseguir receber comida e mantimentos. Agora, a subida das águas no populoso sul do país põe em risco as vidas de outras milhares de pessoas. Calamidade Na província sulista de Sindh, dezenas de vilas já ficaram submersas e 200 mil pessoas tiveram que deixar a área. As autoridades já evacuaram muitas pequenas cidades. Perto do vilarejo de Shahdadkot, soldados estão tendo que erguer barreiras de emergência contra as enchentes depois que as existentes cederam. Na terça-feira, o primeiro-ministro paquistanês, Yousuf Raza Gilani, disse que o Paquistão está enfrentando "a pior calamidade pública da sua história". A ONU estima que 1,6 milhões de pessoas foram afetadas por doenças relacionadas à má qualidade da água, como cólera, diarreia e disenteria. "Só no último dia, mais de 100 mil pessoas ficaram doentes e precisaram de algum tipo de tratamento", disse à BBC o porta-voz da Organização Mundial da Saúde. O governo paquistanês está negociando nesta semana em Washington com o FMI um pacote de empréstimo no valor de US$ 11 bilhões. O impacto das enchentes é grande no setor agrícola do Paquistão, já que 17 mil quilômetros quadrados de terra foram destruídos. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.