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Taleban admite ter perdido terreno para a oposição

Por Agencia Estado
Atualização:

O movimento integrista islâmico Taleban, que governa 95% do Afeganistão, admitiu nesta segunda-feira ter perdido várias posições para as forças de oposição em combates no norte do país. Os combatentes da opositora Aliança do Norte, sob o comando do general Abdul Rashid Dostum, estariam a menos de 30 quilômetros da estratégica cidade de Mazar-i-Sharif. Um porta-voz do Taleban confirmou nesta segunda que o movimento perdeu o controle do distrito de Zari, na Província de Balkh. O chanceler da oposição, Abdullah Abdullah, disse que, se suas forças conseguirem capturar o distrito de Shulgar, na Província de Balkh, "o Taleban poderá perder uma de suas maiores cidades, Mazar-i-Sharif". A perda dessa cidade ameaça o controle do Taleban sobre uma estrada estratégica, que une o centro do Afeganistão ao Uzbequistão, ao norte. No importante Vale do Panshir, cerca de 70 quilômetros ao norte da capital, Cabul, intensos disparos de morteiros e artilharia podiam ser ouvidos nesta segunda, pouco antes do amanhecer. Rajmat Ramazan, porta-voz da Aliança do Norte no Vale do Panshir, disse que as tropas do Taleban atacam posições dos opositores desde domingo de manhã, mas que a oposição preparava um grande contra-ataque. Um comandante da oposição disse que as forças da Aliança do Norte também haviam conquistado o distrito de Lawlash, na Província de Faryah, onde estavam sendo travados duros combates. Intensos disparos de artilharia também ocorreram na noite deste domingo e na madrugada desta segunda na Província de Balkh, cerca de 280 quilômetros a noroeste do Vale do Panshir, e na vizinha Província de Samangan. Ismail Khan, um dos líderes da oposição disse nesta segunda que os Estados Unidos estão oferecendo aos afegãos sua melhor chance de tirar seu país do "terrorismo", mas possivelmente as forças militares americanas não serão bem-vindas. Khan, ex-governador da Província de Herat, noroeste do Afeganistão, exortou os EUA a coordenarem qualquer ação militar no Afeganistão com a Aliança do Norte e remover suas tropas imediatamente após derrotar a milícia taleban, "pois os afegãos são muito sensíveis com relação à presença de forças estrangeiras em seu país". O Paquistão anunciou nesta segunda que retirou seu pessoal diplomático do Afeganistão e fechou sua embaixada em Cabul, em uma aparente medida para distanciar-se do governo do Taleban. Um porta-voz da chancelaria paquistanesa disse que a retirada era "temporária" e por questão de segurança, mas não revelou quando os diplomatas voltarão ou se o Paquistão estava considerando rever suas relações com o Afeganistão. O Taleban fechou no fim de semana um escritório das Nações Unidas na cidade sulista de Kandahar e apreendeu todo o equipamento de comunicação da ONU em Cabul, aparentemente para prevenir que os funcionários passassem informações aos "inimigos". O movimento integrista ameaçou executar qualquer funcionário da ONU que usar equipamentos como telefones via satélite, walkie-talkie, computadores e automóveis. Os funcionários estrangeiros da ONU partiram do Afeganistão logo após os atentados do dia 11 contra os EUA, mas deixaram o trabalho de ajuda humanitária sob os cuidados de funcionários afegãos. Milicianos talebans também confiscaram no fim de semana 1.400 toneladas de comida de uma agência da ONU em Kandahar. Sem a ajuda da ONU no Afeganistão, cerca de 300 mil pessoas ficarão sem comida até o fim do mês e um milhão até o fim do ano.

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