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Taleban começa a julgar cristãos

Por Agencia Estado
Atualização:

Quatro semanas depois de terem sido detidos sob a acusação de propagar o cristianismo no Afeganistão, oito funcionários estrangeiros de uma organização humanitária internacional foram levados hoje a julgamento em um tribunal de Cabul. O julgamento, que segundo o presidente do tribunal, Noor Mahammed Saquib, será realizado secretamente - apesar de promessas prévias de que a imprensa e familiares dos acusados teriam acesso -, deverá durar vários dias. O governo radical do Taleban impôs no Afeganistão um sistema islâmico fundamentalista e acusou os estrangeiros - quatro alemães, dois australianos e duas norte-americanas - de tentar converter muçulmanos afegãos ao cristianismo. Os estrangeiros trabalhavam para a organização Shelter Now International, com sede na Alemanha. Saquib e 14 clérigos islâmicos se reuniram durante quase quatro horas hoje durante o início do processo judicial, que aparentemente permitirá aos acusados falarem em sua própria defesa. "É motivo de preocupação para todo o mundo islâmico, não apenas para o emirado islâmico do Afeganistão", disse Saquib. David Donahue, cônsul-geral da embaixada norte-americana no vizinho Paquistão, disse que não fora notificado oficialmente sobre o início do julgamento. Ele acrescentou que não fala com o pessoal da chancelaria taleban desde terça-feira da semana passada, dia em chegou a Cabul com seus colegas da Austrália e da Alemanha. "Certamente vamos pedir detalhes sobre o procedimento do julgamento", disse Donahue. No sábado, Saquid havia dito que estava disposto a explicar o procedimento aos diplomatas caso estes o procurassem no edifício do Tribunal Supremo, em Cabul. Os oito funcionários estrangeiros foram presos com outros 16 empregados afegãos da organização internacional. O julgamento dos estrangeiros será realizado em separado do processo contra os acusados locais. Segundo as leis impostas pelo Taleban, o castigo para os estrangeiros sentenciados por propagar o cristianismo é a prisão ou a expulsão do país. Para um cidadão local acusado pelo mesmo crime, o castigo é a pena de morte.

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