Taleban declara guerra santa contra EUA

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Por Agencia Estado
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O Taleban, milícia islâmica que controla o Afeganistão, declarou hoje estar pronto para a guerra santa contra os Estados Unidos. Por meio da Bakhtar, a agência de notícias oficial Taleban, os líderes da milícia islâmica alertaram sobre a possibilidade de uma invasão dos Estados Unidos ao país. "Permaneçam unidos e preparem-se para uma jihad (guerra santa) contra os invasores americanos". Enquanto isso, centenas de clérigos islâmicos dirigiam-se à capital afegã, Cabul, para participarem do encontro em que será decidido o destino do milionário saudita Osama bin Laden, principal suspeito dos atentados terroristas realizados na semana passada nos Estados Unidos. "Cerca de 300 ulema (clérigos) já chegaram. Nós esperamos 700 e acreditamos que o encontro deve começar até o fim da tarde de hoje", disse o mulá Hamdullah Nomani, prefeito de Cabul. O conselho reúne clérigos de todo o país e é convocado sempre que o governo Taleban precisa de ajuda para tomar decisões importantes. Os Estados Unidos exigem que o governo Taleban entregue Bin Laden, principal suspeito de ser o mentor dos ataques terroristas contra as torres gêmeas do World Trade Center, em Nova York, e contra o prédio do Pentágono, em Washington. Os líderes do Taleban dizem que Bin Laden, que se abriga no Afeganistão, está sendo acusado injustamente pelos atentados terroristas de Nova York e Washington. "As acusações contra Osama bin Laden são infundadas e um pretexto para atacar o Afeganistão", informaram os chefes da milícia islâmica, por meio de sua agência de notícias. Os Estados Unidos também acreditam que Bin Laden seja o mentor dos atqaques às embaixadas norte-americanas no Quênia e na Tanzânia, realizados em 1998. Espaço aéreo Ontem, o Taleban fechou seu espaço aéreo e transportou grande quantidade de armamentos - incluindo mísseis Scud - para posições próximas à fronteira com o Paquistão. O fechamento do espaço aéreo afegão foi acompanhado de uma ameaça de ataque a qualquer avião que sobrevoe as fronteiras do país. Cerca de 100 vôos cruzam o país diariamente. Além do Paquistão, o Afeganistão faz divisa com o Irã, Turcomenistão e Tajiquistão. A oposição afegã, refugiada ao norte do país, se colocou à disposição dos EUA para desencadear uma ofensiva contra o Taliban. O Taliban também mobilizou para os 1,4 mil quilômetros de fronteiras com o Paquistão parte de seus 50 mil soldados e armamentos, entre eles baterias de mísseis Scud, fabricados nos anos 60 pela ex-União Soviética e com poder de alcance de até 650 quilômetros. Completam o arsenal carros de combate T-59, T-55 e peças de artilharia de alto calibre. Os rumores de que a delegação do Paquistão - que se colocou em apoio total aos Estados Unidos - tenha dado um ultimato de 72 horas para uma resposta do Taliban, sob ameaça de um ataque americano caso os exremistas se recusassem a entregar Laden, foi desmentido oficialmente. "Não há ultimato, mas o tempo está se esgotando", limitou-se a dizer o ministro paquistanês do Exterior Abdul Sattar.

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