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Taleban declara jornalistas ligados ao Ocidente como 'alvos' no Afeganistão

Grupo terrorista afirmou que veículos querem atentar contra a cultura islâmica e não são imparciais, por isso poderão ser atacados

Atualização:

CABUL - O Taleban afirmou nesta sexta-feira, 16, que todos os meios de comunicação e jornalistas no Afeganistão que tenham vínculos com Ocidente e sejam "contrários ao islã" serão "alvos militares". Na segunda-feira, o grupo terrorista ameaçou dois canais de TV locais.

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"Todos os escritórios da mídia, trabalhadores e jornalistas que trabalham para e são financiados pelo Ocidente se tornaram alvos militares firmes e serão eliminados. Todos os meios de comunicação que tenham base no exterior, mas têm jornalistas e filiais dentro do país também se tornaram alvos", disseram os insurgentes em comunicado publicado em seu site.

O grupo justificou a medida afirmando que "todo ataque contra a cultura islâmica e suas crenças deve ser respondido para cumprir com suas obrigações religiosas", ao assegurar que esses meios não são imparciais e defendem os interesses estrangeiros.

Líder do Taleban, Akhtar Mohammad Mansour, morreu em ataque com drone Foto: Reuters

"Os mujahedins não devem temer ser acusados de crimes de guerra ou atentar contra a liberdade de expressão, porque é sua obrigação proteger as crenças islâmicas do mesmo modo que protegem seu território", alega o Taleban na nota.

Sobre o anúncio se tratar de um cerceamento à "liberdade de imprensa", eles defenderam que ela não existe em parte alguma do mundo e se trata simplesmente "de um slogan usado por governos tirânicos e especialmente pelo mundo ocidental".

O anúncio desta sexta é feito depois que os taleban declararam, na segunda-feira, "alvos militares legítimos" os canais afegãos de televisão Tolo News e a 1TV por atuarem como "ferramentas de propaganda dos EUA e do governo afegão".

Dois dias depois, os insurgentes reforçaram as ameaças ao manifestar que haviam tido muita paciência com a imprensa durante os últimos 14 anos de guerra e declararam que tornariam qualquer indivíduo que defendesse os infiéis em alvo militar.

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Pelo menos 80 meios de comunicação encerraram suas atividades nos dois últimos anos no Afeganistão por conta da crise, retirada de financiamento internacional e pressões dos insurgentes. Tudo isso fez com que 4 mil pessoas fossem demitidas, de acordo com a NAI, o organismo de defesa dos direitos dos jornalistas no Afeganistão.

Com 32 milhões de habitantes, o país conta na atualidade com 350 jornais impressos, 160 emissoras de rádio e 100 canais de televisão. /EFE

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