CABUL - O governo do Taleban lançou uma série de restrições à mídia afegã, incluindo a proibição de dramas de televisão que incluam atrizes, e ordenando às apresentadoras de notícias que usem "hijab islâmico".
O Ministério do Vício e Virtude do Afeganistão estabeleceu nove regras nesta semana, disse um porta-voz do governo do Taleban nesta terça-feira, 23, em grande parte centradas em proibir qualquer mídia que infrinja "valores islâmicos ou afegãos".
Algumas medidas foram dirigidas especificamente às mulheres, um movimento que provavelmente levantará preocupações entre a comunidade internacional.
"Aqueles dramas...ou programas nos quais as mulheres atuam, não deveriam ser transmitidos", dizem as regras, acrescentando que as jornalistas deveriam usar "hijab islâmico", sem especificar o que isso significava.
Embora a maioria das mulheres no Afeganistão use lenços em público, muitas vezes as declarações do Taleban de que as mulheres deveriam usar o "hijab islâmico" preocuparam ativistas dos direitos das mulheres, que dizem que o termo é vago e pode ser interpretado de forma conservadora.
As regras geraram críticas da organização internacional de direitos humanos Human Rights Watch (HRW), que afirmou que a liberdade da mídia está se deteriorando no país.
"O desaparecimento de qualquer espaço para dissidência e agravamento das restrições para as mulheres na mídia e nas artes é devastador", disse Patricia Gossman, diretora associada para a Ásia da HRW, em um comunicado.
Embora as autoridades do Taleban tenham procurado assegurar publicamente à comunidade internacional que os direitos das mulheres seriam protegidos em seu governo, ativistas e mulheres permaneceram céticos.
Na primeira vez que tomou o poder, o Taleban impôs restrições às mulheres que iam desde proibição de sair de casa, a menos que acompanhadas por um parente homem, e receber educação. /REUTERS