Acenando com um recrudescimento de sua ofensiva contra as forças de coalizão a partir do segundo trimestre, o grupo radical islâmico Taleban informou nesta quarta-feira, 28, ter enviado mil atacantes suicidas para a relativamente calma região norte do país. A informação é da agência de notícias Reuters. O anúncio foi feito um dia depois de um homem-bomba deixar mais de 20 mortos em ataque supostamente voltado contra o vice-presidente americano, Dick Cheney, que fazia uma visita-surpresa ao Afeganistão. Além de anunciar o envio de mil militantes para o norte do país, o comandante taleban mulá Hayatullah Khan voltou a destacar anúncios prévios de que o grupo possui 2 mil atacantes suicidas prontos para agir - paralelamente a um contingente maior em treinamento. Mais de 4 mil pessoas morreram em combates no Afeganistão no ano passado, a maioria vítimas da ofensiva sustentada pelo Taleban no sul e leste do país. O Taleban afirma que a utilização de ataques suicidas é parte de uma estratégia de retorno às táticas de guerrilha utilizadas pelo grupo no passado. Isso porque, em 2006, o grupo sofreu pesadas baixas em combates convencionais contra as forças da Otan. Ofensiva de primavera Os Estados Unidos e algumas nações da Otan - entre elas o Reino Unido - estão ampliando o tamanho de suas forças no Afeganistão com o objetivo de barrar uma ofensiva prometida pelo Taleban para o início da primavera no hemisfério norte, quando a neve que toma as montanhas do país começa a derreter. Segundo analistas, 2007 será um ano decisivo para os dois lados. O ano passado já foi o mais sangrento no país asiático desde a invasão americana, em 2001. No ataque supostamente voltado contra a comitiva de Cheney, na terça-feira, 23 pessoas foram mortas, entre elas dois soldados - um americano e um sul-coreano. O atentado foi perpetrado na entrada de uma base americana em Bagram, a 60 quilômetros de Cabul, e ocorreu a mais de 800 metros do local em que Cheney estava. Ainda assim, o Taleban informou que seu principal alvo era o vice-presidente. Agentes infiltrados Segundo especialistas em terrorismo, o ataque de terça-feira mostra que o Taleban e seus aliados da Al-Qaeda possuem homens infiltrados nos serviços secretos do Afeganistão, pois a visita de Cheney ao país havia sido mantida em segredo. "Nós atuamos em um pequeno espaço de tempo", disse Khan à Reuters, referindo-se à preparação da ação. "O Taleban está preparado para qualquer sacrifício para matar este grande infiel." Apesar da retórica, Cheney não esteve em perigo em nenhum momento.