16 de abril de 2012 | 03h01
Segundo o Taleban, os principais alvos da ofensiva terrorista eram as embaixadas da Alemanha, da Grã-Bretanha, dos EUA e a sede do comando da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). O prédio do Parlamento foi sitiado por atiradores, que também teriam atacado o palácio presidencial. Houve troca de tiros entre os militantes e forças de segurança por mais de sete horas após o primeiro ataque.
Quatro províncias foram atacadas: Nangarhar, Kapisa, Paktia e Logar, segundo informou ao Estado um oficial das Forças Armadas afegãs. Até o final da noite (horário local), tiroteios e bombardeios ainda eram ouvidos em Cabul. Muitos dos militantes estavam disfarçados de mulher e vestidos com burcas.
O Taleban assumiu a responsabilidade pelos ataques, mas o embaixador americano em Cabul, Ryan Crocker, disse ser mais provável que a onda de ataques tenha sido planejada pela rede Haqqani, grupo militante com base na fronteira entre o Afeganistão e o Paquistão.
"Nós enviamos homens suicidas a Cabul e eles estão neste momento no domínio do Parlamento, da embaixada dos EUA e de vários prédios diplomáticos", declarou o grupo. "É também uma mensagem para os comandantes estrangeiros que dizem que o Taleban perdeu força. Mostramos que podemos atacar quando quisermos." O grupo também disse que a ofensiva era por causa dos recentes incidentes envolvendo as forças americanas - como a queima do Alcorão e um ataque atiros lançado por um soldado dos EUA que matou 17 afegãos.
Em uma entrevista ao Estado por telefone, na semana passada, Zabihullah Mujahid, porta-voz do Taleban, disse que seu grupo não reconhece o governo afegão e as negociações de paz com os "invasores americanos"tinham sido suspensas, pois os EUA não cumpriram as demandas dos movimento, entre as quais, a libertação de militantes de alto escalão detidos na base militar de Bagram.
O ataque. A reportagem do Estado testemunhou quando pelo menos sete foguetes foram disparados contra uma área militar em Pul-e Charkli, no oeste de Cabul - três dos foguetes atingiram uma base da Força de Assistência de Segurança Internacional (Isaf, na sigla em inglês), a missão da Otan no Afeganistão.
O governo, os militares afegãos e as forças estrangeiras sabiam que os insurgentes preparavam um ataque. "Há dez dias recebemos um alerta de que o Taleban preparava um grande ataque contra bases militares", disse ao Estado o sargento Habiz Ullah, que escoltou a reportagem a uma área segura no Centro de Treinamento Militar de Cabul, também sob ataque. "Finalmente, eles cumpriram a promessa."
Em Cabul, os rebeldes usaram atiradores e homens-bomba para invadir prédios próximos aos alvos que pretendiam atingir - Praça Zanbak, na entrada do palácio presidencial; na Avenida Darulaman, perto do Parlamento; e na Avenida Jalalabad, que tem a base da Isaf de um lado e a academia militar afegã de outro.
Os ataques em Cabul começaram por volta de 13h35 e por várias horas os insurgentes conseguiram assegurar suas posições, de onde lançavam foguetes e trocaram tiros com soldados das Forças Especiais afegãs e estrangeiros.
Várias explosões foram ouvidas no centro da cidade, em Wazir Akbar Khan, área que abriga os condomínios onde vive a maioria dos estrangeiros e funcionam os escritórios das organizações internacionais. Foguetes caíram nas proximidades da embaixada do Canadá e de um prédio de escritórios do Banco Mundial; um dos foguetes chegou a atingir uma das torres de segurança da embaixada da Grã-Bretanha. Explosões foram ouvidas perto das embaixadas da Alemanha e da Rússia em Karte-Seh.
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