Taleban mobiliza 10 mil contra estrangeiros no Afeganistão

O comandante Abdul Rahim disse que grupo retomará ataques a tropas americanas

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Por Agencia Estado
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O Taleban mobilizou 10 mil combatentes para uma onda de "ataques sangrentos" contra tropas estrangeiras no Afeganistão nos próximos meses, disse um líder rebelde nesta sexta-feira, 16. Mais de 4.000 pessoas, inclusive cerca de mil civis, foram mortos em confrontos em 2006, o ano mais violento desde a ação conjunta dos EUA e de forças locais que derrubaram o regime islâmico do Taleban, no final de 2001. Comandantes da Otan e analistas dizem que 2007 pode ser tão ruim ou pior. Conforme vai degelando a neve do rígido inverno, os insurgentes retomam seus ataques, a maioria no sul, onde capturaram uma importante cidade e ameaçam a barragem de uma hidrelétrica. O mulá Abdul Rahim, comandante operacional do Taleban na província de Helmand - uma das maiores regiões produtoras de ópio do mundo -, disse que seus militantes vão ampliar os ataques na primavera boreal. "Quando esquentar e as folhas ficarem verdes, vamos desencadear sangrentos ataques contra as tropas estrangeiras lideradas pelos EUA", disse Rahim, falando em um telefone por satélite de local não revelado. "Nossos preparativos de guerra, especialmente no sul do Afeganistão e na província de Helmand, estão completos, e para isso nossos 10 mil combatentes estão preparados para pegarem em armas no momento em que receberem ordens." Sem sucesso nas batalhas do ano passado, o Taleban deve voltar às táticas mais convencionais de guerrilha contra as forças do governo e os cerca de 45 mil militares estrangeiros no país. Uma dessas táticas deve ser o uso de homens-bomba, que cresceu dramaticamente no ano passado, matando mais de 200 pessoas, embora ainda continue sendo mais raro que no Iraque. O Taleban diz ter 2.000 homens-bomba prontos e outros 3.000 em treinamento. Rahim disse que o foco dos ataques serão áreas ao sul, onde o Taleban surgiu. O governo afegão diz que os militantes continuam sendo patrocinados pelo Paquistão, que era seu principal apoio até os atentados de 11 de setembro de 2001 contra os EUA. Islamabad admite que há infiltração de militantes pela fronteira entre os dois países, mas nega apoio aos rebeldes, que têm raízes étnicas em ambos os lados da fronteira, desenhada na época do colonialismo britânico. O Paquistão diz que a insurgência é problema do Afeganistão. Anúncio de Bush O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, anunciou nesta quinta-feira, 15, o envio de novos contingentes de soldados americanos ao Afeganistão, e pediu aos aliados da Otan que sigam seu exemplo e eliminem os impedimentos impostos aos efetivos já postados na região. O recado foi direcionado aos países europeus que não autorizam suas tropas a combaterem a insurgência Taleban que atua no país. Atualmente, apenas EUA, Canadá, Grã-Bretanha e Holanda estão atuando nas áreas em que a insurgência atua com mais vigor, no sul e leste do país. O presidente pediu ainda aos membros da Otan que não hesitem na hora de enviar mais tropas e, sobretudo, que não imponham restrições ou limites às já postadas, pois um dos princípios básicos da Otan diz que "um ataque a um é um ataque a todos". "Quando os comandantes no terreno dizem que necessitam de ajuda adicional, os países da Otan devem concedê-la", assegurou.

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