Fontes do movimento Taleban, que controla quase todo o Afeganistão, desmentiram neste sábado as informação da emissora de TV do Catar, Al-Jazeera, segundo a qual membros das forças especiais dos Estados Unidos tinham sido capturados em território afegão. Os mulás do Taleban acrescentaram que não há sinal de que comandos norte-americanos estejam atuando na área controlada pelo movimento extremista islâmico. Também o encarregado das relações exteriores da milícia que combate o Taleban Aliança do Norte, Abdullah Abdullah, disse a jornalistas que duvida da presença de agentes dos EUA ou de seus aliados britânicos na área dos talebans. A TV Al-Jazeera é considerada uma das mais simpáticas ao Taleban e ao milionário saudita Osama bin Laden, suspeito de ter planejado a série de ataques do dia 11 de setembro, que causaram a morte de mais de 6 mil pessoas. Hoje, em seu noticiário, citou uma "fonte ligada ao movimento Al-Qaeda" para informar sobre a prisão dos agentes. "Cinco foram presos", afirmou o repórter da Al-Jazeera que está em Islamabad, capital do Paquistão. "Três norte-americanos e dois afegãos que foram treinados pelas forças dos Estados Unidos e também têm cidadania americana." A emissora, que funciona há cinco anos, é considerada a "CNN do mundo islâmico", com repórteres em 27 cidades, que regularmente enviam flashes de notícias urgentes principalmente sobre os países muçulmanos. A Al-Jazeera foi a emissora escolhida por Bin Laden para divulgar sua primeira mensagem pública após os ataques do dia 11. Num fax enviado à tevê na semana passada, o acusado de terrorismo negou envolvimento nos atentados e convocou uma jihad dos muçulmanos contra os EUA e seus aliados, caso Washington atacasse o Afeganistão. A presença de membros de forças de elite das Forças Armadas norte-americanas - como os Rangers, os boinas-verdes e a Força Delta - em território afegão foi noticiada na sexta-feira pelo jornal dos USA Today. Oficialmente, o governo norte-americano recusou-se a confirmar ou desmentir a informação, enquanto o presidente George W. Bush alimentou a versão numa entrevista coletiva concedida na sexta-feira à tarde. "Não se equivoquem sobre isso (o movimento das forças dos EUA na região). Estamos nos calcanhares (dos terroristas)." Washington exige, para não atacar o Afeganistão, que o regime do Taleban entregue incondicionalmente Bin Laden e os principais líderes de sua organização terrorista, Al-Qaeda (A Base). Delegações de alto nível do Paquistão - único país que ainda mantém relações diplomáticas com o Taleban - falharam em sucessivas tentativas de convencer os mulás afegãos a entregarem os acusados. Os clérigos que compõem a instância máxima do atual governo afegão alegam razões religiosas para não expulsar Bin Laden, que é considerado um "hóspede" do país. Também hoje, o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur) informou a chegada de alimentos e de 44 toneladas de cobertura plástica a Quetta, cidade paquistanesa próxima da fronteira com o Afeganistão. O material poderá ser usado para construir um acampamento para 50.000 pessoas. O Acnur estima que 1,5 milhão de afegãos devem cruzar as fronteiras com os países vizinhos no caso de um ataque dos EUA.