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Taleban planeja atacar represa no Afeganistão, diz líder local

Cerca de 700 guerrilheiros entraram no país pela fronteira com o Paquistão, cuja agência de inteligência é acusada de fornecer treinamento aos extremistas

Por Agencia Estado
Atualização:

Pelo menos 700 combatentes do Taleban entraram no Afeganistão através da fronteira com o Paquistão para atacar uma importante represa e fonte de eletricidade, disse nesta segunda-feira um governador local. "Recebemos relatos confirmados de que são paquistaneses, uzbeques e chechenos e que se infiltraram", disse o governador de Helmand, Asadullah Wafa, por telefone à Reuters. A área da represa conhecida como Kajaki teve muitos combates nas últimas semanas entre forças do Taleban e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), principalmente britânicas e holandesas. Comandantes da Otan, dos EUA e do Taleban advertiram que haverá uma grande ofensiva na primavera, quando a neve derreter, dentro de alguns meses, depois do ano mais violento desde que o grupo islâmico radical foi derrubado do poder, em 2001, por uma coalizão liderada pelos norte-americanos. Wafa disse que os combatentes do Taleban foram levados por comandantes locais para uma operação conjunta com a Al Qaeda. "Eles estão planejando destruir a represa Kajaki", disse, acusando a agência de inteligência militar do Paquistão, a ISI, de fornecer treinamento e apoio logístico para os guerrilheiros. "O Paquistão está apoiando o Taleban a fim de mantê-los lutando no Afeganistão. Eles não querem o desenvolvimento e a reconstrução do Afeganistão", disse. O Paquistão nega que dê apoio ao Taleban, que já protegeu no passado, mas autoridades afegãs dizem que sim. Os EUA dizem que os guerrilheiros têm abrigo no Paquistão e recebem apoio de tribos pashtun, e também rejeitam as acusações de que Islamabad apóia oficialmente os rebeldes. Gates no Paquistão O governo afegão, que tem apoio de países ocidentais, lançou um grande esforço para reformar a represa e a rede de transmissão de energia para melhorar a produção. Os comentários de Wafa aparecem no momento em que o secretário de Defesa dos EUA, Robert Gates, visitava o Paquistão rapidamente, na volta das negociações da Otan na Espanha, em que os temas do Afeganistão e os pedidos por mais tropas foram destaques. Ele disse que os EUA não repetirão o erro de deixar extremistas controlarem o Afeganistão. "Depois que os soviéticos saíram, os EUA cometeram um erro. Negligenciamos o Afeganistão e o extremismo assumiu o controle daquele país", disse Gates em entrevista coletiva na base aérea militar de Chaklala, na cidade de Rawalpindi. "Os EUA pagaram um preço por isso em 11 de setembro de 2001. Não cometeremos este erro de novo", disse Gates. Diversos combatentes Taleban também foram mortos na segunda-feira em ataque direcionado contra um líder guerrilheiro com ligação próxima com o líder foragido, o mulá Mohammad Omar, disse em comunicado à coalizão liderada pelos EUA. O comunicado não disse o nome do líder, nem se ele foi pego na operação liderada por militares norte-americanos. Os militantes foram mortos perto da cidade de Greshk, em Helmand, bastião do Taleban e principal região produtora de drogas no Afeganistão, maior produtor mundial de heroína.

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