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Tanques israelenses invadem áreas palestinas

Por Agencia Estado
Atualização:

Forças israelenses invadiram nesta terça-feira uma cidade da Cisjordânia e três vilas próximas a Jerusalém - um dia depois de o primeiro-ministro Ariel Sharon ter dito que a operação estava sendo concluída - e impuseram toques de recolher como parte de um alto alerta de segurança antecedendo o Dia da Independência israelense. Palestinos condenaram as novas incursões e o secretário de Estado dos EUA, Colin Powell, parece que agora ficará satisfeito com menos do que um cessar-fogo formal, do qual ele saiu em busca há dez dias. Tiroteio e campo de detenção Em Belém, um intenso tiroteio pôde ser ouvido à noite nos arredores da Igreja da Natividade, com uma fumaça cinza saindo do complexo. O Exército israelense confirmou ter havido esporádicas trocas de tiros no local, mas garantiu que suas forças não estavam tentando uma invasão. Oficiais israelenses confirmaram que Israel reabriu o campo de detenção de Ketziot, no Deserto de Negev, para colocar nele 4.250 palestinos presos em sua ofensiva de 19 dias. Até agora, mais de 300 prisioneiros já foram levados para o campo de tendas, segundo o grupo de direitos humanos israelense B´Tselem. Exigência Os Estados Unidos têm exigido o fim completo e imediato da campanha militar israelense, que teria a intenção de desmantelar milícias palestinas responsáveis por mortais ataques contra civis. Sharon disse que suas forças vão se retirar de Jenin e Nablus - palcos dos piores confrontos - mas prometeu manter as tropas em Ramallah e na bíblica Belém até que homens procurados abrigados nas duas cidades se rendam. Numa entrevista à Rádio de Israel, ele afirmou que as tropas abandonarão uma das cidades dentros de dois dias e a outra até o fim da semana, mas ele não detalhou de qual sairá primeiro. O ministro da Defesa israelense, Binyamin Ben-Eliezer, disse à tevê de Israel que as forças serão reposicionadas em volta das cidades palestinas. E o major-general Aharon Zeevi, chefe da inteligência militar, afirmou que as forças podem voltar a invadir a qualquer momento. "Não temos medo de entrar nas cidades para pegar terroristas", adiantou. "Se tivermos de entrar novamente, vamos fazê-lo". Hamas Israel anunciou nesta terça-feira a captura, na Cisjordânia, de vários integrantes do grupo militante Hamas. Desde 29 de março, segundo o Exército, cerca de 400 palestinos procurados foram detidos. Zeevi disse que 15 militantes de alto escalão e 80 de médio foram presos. O Exército afirmou que suas forças estavam em busca de suspeitos e armas no campo de refugiados de Askar, perto de Nablus, e nas vilas de Hirbet Beit Hassan, Luba Sharkiyeh, A-Ram e Anata. Mais cedo, tropas israelenses voltaram a entrar por várias horas em Tulkarem, uma das duas cidades das quais havia saído em 9 de abril. De acordo com o Exército, quatro palestinos do grupo islâmico Hamas foram capturados. Jornalista preso Em Raffidiyeh, na região de Nablus, as tropas ordenaram que todos os homens saíssem de suas casas e fossem para uma escola. Entre os detidos e algemados estava o jornalista Mohammed Daraghmeh, de 38 anos, que tem coberto o norte da Cisjordânia para a Associated Press desde 1996. A AP protestou contra a prisão de Daraghmeh. O diretor do Escritório de Imprensa do Governo de Israel, Dan Seaman, respondeu que "não existe imunidade para jornalistas. Ele (Daraghmeh) é um palestino e foi preso como milhares de outros palestinos. Ele será interrogado e, se não houver problemas, será libertado". Antes do amanhecer desta terça, tanques e blindados de deslocamento de tropas entraram em três subúrbios palestinos na Jerusalém Oriental. As tropas impuseram um toque de recolher, confinando dezenas de milhares de moradores em suas casas. Ações desmentem Sharon O presidente do Parlamento palestino, Ahmed Qureia, que vive num dos subúrbios ocupados, disse que a ação mostra que Sharon não é sério quando diz que vai recuar os soldados. "É preciso parar essas incursões e se retirar imediatamente das cidades e vilas palestinas", afirmou Qureia. "Infelizmente, essas incursões ocorrem enquanto o secretário Powell está no país." Powell com Arafat Powell se encontrou com Sharon e deve se reunir com o líder palestino Yasser Arafat nesta quarta-feira em seu cercado QG em Ramallah. Powell disse que deve conseguir em 24 horas algo próximo de um cessar-fogo formal. "Estamos fazendo progresso", afirmou. No entanto, uma fonte palestina disse que ruíram os esforços para formular uma declaração conjunta palestino-americana para condenar os atentados suicidas e pedir a retirada israelense. Os palestinos insistem que haja garantias de um Estado independente, informou a fonte sob a costumeira condição de anonimato. Nabil Abu Rdeneh, assessor de Arafat, disse que o líder palestino conversou hoje por telefone com o emir do Catar, xeque Hamad bin Khalifa Al-Thani, e pediu a ele, que é o atual presidente da Organização da Conferência Islâmica (OCI), que convoque uma reunião de cúpula urgente para discutir os desafios enfrentados pelos países árabes e "adotar as medidas necessárias para evitar a continuidade da agressão israelense contra o povo palestino".

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