Tea Party e Ocupe Wall Street mostram polarização nos EUA a um ano da eleição

Em 2012, Obama e seu adversário republicano terão de lidar com protestos que nenhum dos dois lados pode controlar.

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Por Alessandra Correa
Atualização:

A um ano da eleição presidencial de 6 de novembro de 2012, o presidente Barack Obama e seus adversários republicanos que buscam a indicação do partido para concorrer à Presidência dos Estados Unidos enfrentam um ambiente cada vez mais polarizado e com profundas divisões ideológicas, no qual movimentos como o Tea Party, à direita, e o Ocupe Wall Street, à esquerda, vêm ganhando destaque. As eleições americanas tradicionalmente concentram todas as atenções nos candidatos democrata e republicano, com suas gigantescas máquinas eleitorais, campanhas publicitárias, debates e batalhas por Estados-chave. Mas em 2012, o presidente Barack Obama e seu adversário republicano terão ainda de lidar com a maciça presença de protestos organizados por movimentos que nenhum dos dois lados pode controlar. Tanto o Tea Party, que reúne diversos grupos conservadores, como os protestos contra a desigualdade, o desemprego e as grandes corporações iniciados com o Ocupe Wall Street, em Nova York, e espalhados por todo o país, têm em comum o descontentamento com a situação política e econômica do país e devem ter impacto na votação do próximo ano, apesar de ambos recusarem as comparações. Incógnita Mas se o Tea Party já mostrou sua força nas eleições legislativas do ano passado, quando elegeu vários de seus candidatos, e há pré-candidatos republicanos abertamente identificados com o movimento, como Michele Bachmann, a força dos protestos inspirados no Ocupe Wall Street, surgido há menos de dois meses, ainda precisa ser testada. Os participantes dos protestos do Ocupe Wall Street têm perfil variado e rejeitam qualquer ligação com o Partido Democrata, mas o crescimento do movimento e, principalmente, a simpatia do público americano por sua mensagem de frustração, fazem com que seja observado com atenção por ambos os partidos. "Enquanto o Tea Party serviu de combustível para o entusiasmo do Partido Republicano nas eleições de 2010, ainda não há prova de que os manifestantes do Ocupe Wall Street farão o mesmo pelos democratas", dizem os analistas Aaron Blake e Chris Cillizza, do jornal Washington Post. "Dito isso, o movimento (Ocupe Wall Street) pode favorecer significativamente os democratas", afirmam, ao observar que ainda é preciso saber se o movimento vai motivar os até agora pouco empolgados eleitores identificados com a esquerda a votar. Insatisfação Diversas pesquisas mostram que a principal preocupação dos eleitores americanos é a economia, em um momento em que o país cresce em um ritmo considerado lento demais para baixar a taxa de desemprego - atualmente em 9%, patamar mantido há dois anos - e em que há o temor de uma nova recessão. Uma pesquisa divulgada neste domingo pelo Washington Post e pela rede de TVABC News revela que a insatisfação com o governo atingiu níveis recordes. Nesse cenário, analistas já afirmam que esta será a reeleição mais difícil de um presidente americano desde 1992, quando Bill Clinton tirou George Bush pai da Casa Branca. Obama tenta evitar o mesmo destino de Bush, Gerald Ford ou Jimmy Carter, integrantes da temida lista de presidentes americanos de um só mandato, mas os problemas com a economia americana são um desafio em sua campanha. A mesma pesquisa do Washington Post e da ABC, conduzida pelo instituto Langer Research Associates, revela que apenas 13% dos americanos dizem que suas vidas estão melhores agora do que antes de Obama assumir o governo. Republicanos Apesar da popularidade em baixa e dos problemas da economia, Obama ainda aparece com boas chances nas pesquisas, quando confrontado com os principais candidatos à indicação do Partido Republicano para concorrer no pleito de 2012. No levantamento do Post e da ABC, Obama aparece tecnicamente empatado com o favorito Mitt Romney, ex-governador de Massachusetts, e com o azarão Herman Cain, empresário recentemente envolvido em uma polêmica de acusações de assédio sexual, mas ainda assim dividindo a liderança nas pesquisas. O descontentamento dos americanos se estende também ao Congresso. De acordo com diferentes pesquisas, tanto Obama e seu Partido Democrata como os republicanos perderam pontos com o público americano depois do embate para aprovar a elevação do teto da dívida pública, que quase levou o país ao calote no meio do ano. Nesse cenário, muitos analistas afirmam que nenhum dos pré-candidatos republicanos até agora tem demonstrado força suficiente para empolgar os eleitores do partido. No entanto, a situação ainda pode mudar, já que as primárias para escolher o adversário de Obama na votação de 6 de novembro de 2012 começam apenas em janeiro.

 

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