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Teatro diplomático de quem se espiona

O protesto das autoridades francesas diante da espionagem da Agência de Segurança Nacional (NSA) faz parte da satisfação que precisam dar ao eleitorado francês. Para especialistas franceses em relações internacionais e em inteligência, as manifestações são pouco mais do que um teatro diplomático.

Por CENÁRIO: Andrei Netto
Atualização:

Mais do que isso: apesar da espionagem mútua, os serviços secretos desses países colaboram entre si, como é o caso de franceses e americanos. "Se Paris reclamar muito, os americanos lembrarão rapidamente aos franceses que eles também fazem espionagem na internet", disse ao Estado Julien Nocetti, pesquisador do instituto Francês de Relações Internacionais (Ifri).

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Para François-Bernard Huyghe, do Instituto de Relações Internacionais e Estratégicas (Iris), "é lógico" que haja protestos veementes, da mesma forma que é lógico que pouco ou nada mude na espionagem mundial. "Não creio nem um pouco que vamos parar a espionagem", diz Huyghe, para quem a internet tornou os meios de controle à interceptação de dados menos eficientes. "Não estamos mais na época em que flagrávamos três espiões soviéticos e os expulsávamos", brinca Huyghe.

Nocetti e Huyghe, mesmo preocupados com os crescentes abusos contra a privacidade no mundo, não são entusiastas de propostas como a da presidente brasileira Dilma Rousseff em favor de uma maior regulamentação da internet. Para Nocetti, a intervenção do Estado agravaria a censura e "alteraria a própria natureza da rede". "O risco seria a balcanização da internet."

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