Teerã ameaça revisar política nuclear se houver confronto

Porém, o país se diz aberto às negociações sobre o programa

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Por Agencia Estado
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O Irã afirma que ainda está aberto às negociações sobre seu controvertido programa nuclear, mas adverte que pode "revisar sua política nuclear" se o Ocidente optar pelo "confronto" em vez do diálogo. Uma declaração do Conselho Supremo de Segurança Nacional do Irã, divulgada nesta sexta-feira pela embaixada iraniana em Moscou, insiste em que Teerã responderá em 22 de agosto, e não antes, à oferta internacional de incentivos em troca da renúncia ao enriquecimento de urânio, que foi formulada em 6 de junho. Em princípio, o Irã tinha que dar uma resposta à proposta internacional até meados deste mês para que sua decisão fosse analisada na cúpula do Grupo dos Oito (G8), realizada na semana passada em São Petersburgo (Rússia). "O Irã está convencido da necessidade de achar uma solução negociada por meios diplomáticos, e está pronto para negociações nas quais se definam datas concretas que satisfaçam todas as partes", diz a declaração citada pela agência Interfax. O documento acrescenta que o Irã recebeu com satisfação as propostas de incentivos entregues em 6 de junho pelo alto representante da União Européia para a Política Externa e Segurança Comum, Javier Solana, e criou comissões de analistas que estudam essas ofertas internacionais. "É natural que o estudo de tais projetos requeira tempo e, levando em conta a seriedade das intenções do Irã, estabeleceu-se que sua conclusão final será anunciada em 22 de agosto", indica o documento. Teerã expressa sua "surpresa" com o fato de que após a primeira rodada preliminar de negociações com Solana "algumas partes, em particular os Estados Unidos, tenham mudado o rumo das negociações, para que o assunto passasse para o Conselho de Segurança da ONU". Esta política "pretende criar obstáculos para a diplomacia, quando o caminho das negociações com a Europa é claro e correto e pode gerar resultados". Nesta situação, Teerã declara que, "caso o processo negociador escolha o rumo do confronto e sejam empreendidas tentativas de menosprezar os direitos legítimos do povo iraniano, ao Irã não restará outro remédio a não ser revisar sua política nuclear". "É preciso ressaltar que o Irã não deseja agravar a situação, mas se outros encontrarem dificuldades e atiçarem a tensão, em tal caso surgirão problemas para todos", assinala a nota. Os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU (EUA, Reino Unido, França, Rússia e China) mais a Alemanha não conseguiram superar suas diferenças sobre um projeto de resolução para exigir do Irã que detenha suas atividades de enriquecimento de urânio. Apesar das pressões dos EUA para a adoção de um documento até o fim da semana, Rússia e China mantiveram suas reservas sobre a minuta e decidiram prosseguir as discussões nesta sexta-feira. O projeto de resolução, elaborado por França, Reino Unido e Alemanha, ameaça considerar a imposição de medidas punitivas, se Teerã não suspender o enriquecimento de urânio e o processamento de plutônio. Se o Irã não cumprir a exigência, o artigo 41 do Capítulo VII da Carta da ONU poderá ser invocado. Este artigo prevê sanções econômicas e diplomáticas, mas não a intervenção militar.

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