Teerã promete cortar petróleo de 'alguns países'

Sem consenso, Parlamento adia votação de lei para vetar a exportação imediata de combustível à UE

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Por JAMIL CHADE , CORRESPONDENTE e GENEBRA
Atualização:

O ministro do Petróleo do Irã, Rostam Ghasemi, disse ontem à agência estatal Irna que o país deixará de exportar o produto para "alguns países" por um período de cinco a 15 anos. "O Irã tem um mercado para suas exportações de petróleo mesmo com cortes para a Europa e não terá problemas em relação a isso", afirmou Ghasemi. O ministro fez a afirmação depois de o Parlamento iraniano ter adiado ontem uma decisão sobre um corte definitivo do fornecimento de petróleo para os países europeus. A medida seria uma resposta à decisão da União Europeia de embargar a importação de petróleo, que prejudicará ao menos 20% das exportações iranianas. As sanções europeias entrarão em vigor em até seis meses, o que daria tempo aos países-membros de encontrarem alternativas ao petróleo do Irã. A falta de consenso entre parlamentares e membros do governo do presidente Mahmoud Ahmadinejad foi o principal empecilho para que o Parlamento aprovasse ontem o veto imediato à exportação de petróleo à Europa. Emad Hosseini, porta-voz do Comitê de Energia do Parlamento iraniano, admitiu um desacordo entre o Legislativo e o Executivo durante os debates, mas disse ter esperanças de que haverá um acordo ainda nesta semana. Fontes diplomáticas na União Europeia garantem que a decisão do Parlamento de antecipar o embargo irritou o presidente, que teme o efeito do bloqueio para a economia doméstica e sua própria sobrevivência no poder. Desde o ano passado, o Parlamento e o alto clero xiita têm se indisposto com Ahmadinejad. O cancelamento das exportações à Europa afetaria a venda de 600 mil barris de petróleo por dia. Mesmo que o volume fosse redirecionado para a Ásia, o valor arrecadado pelo governo iraniano seria menor. O impasse em torno da receita do petróleo promete agravar ainda mais a situação econômica do Irã. Na semana passada, o governo ordenou uma desvalorização de 8% do rial para tentar conter a alta da inflação no país, estimada em 20%.

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