CARACAS - Uma próspera indústria venezuelana – a das telenovelas – luta para sobreviver em meio à crise econômica que afeta o país e a uma ofensiva gradual do governo contra os meios de comunicação.
Em 2007, o governo venezuelano tirou do ar a Radio Caracas Televisión (RCTV), então uma das mais antigas companhias de radiodifusão e produção de telenovelas do país. Ela foi acusada de apoiar, cinco anos antes, um frustrado golpe de Estado contra o então presidente Hugo Chávez.
Centenas de atores, técnicos e roteiristas perderam seus empregos e os estúdios da produtora foram fechados. O êxodo desses profissionais para outros países também contribuiu para agravar o cenário.
Agora, funcionando como uma pequena companhia de produção, a RCTV está vendendo a telenovela Piel Salvaje para o Equador, onde estreou no mês passado. Os venezuelanos não assistirão à produção.
Piel Salvaje é a primeira produção da RCTV desde que Chávez rejeitou renovar a licença da emissora e confiscou seu equipamento de transmissão. Membros do elenco comparam seu trabalho à luta dos dissidentes políticos.
A derrocada das telenovelas venezuelanas – que já foram grande produto de exportação do país – começou nos anos 90 com a dura competição com as produtoras mexicanas e colombianas. Ela se acelerou com a eleição de Chávez em 1998 e a aprovação de uma lei de 2004 que previa multas às produtoras que não aderissem às normas que definiam seus conteúdos como socialmente responsáveis.
Mas a crise parece estar dando uma segunda oportunidade à indústria. A alta inflação e a moeda desvalorizada permitem a contratação dos profissionais a um baixo preço. Além disso, a venda ao exterior pode permitir ao país obter as divisas de que tanto necessita. / AP