BRASÍLIA - O presidente interino Michel Temer disse ontem que a Venezuela precisa completar o processo de adaptação do Mercosul para ser considerado membro pleno do bloco para depois assumir a presidência temporária. Em entrevista a meios de comunicação internacionais, o substituto temporário de Dilma Rousseff afirmou que Caracas ainda não concluiu os protocolos burocráticos exigidos em 2012, quando entrou no bloco.
"O Brasil não se opõe exatamente que a Venezuela assuma a presidência, mas pondera que para ser parte integral do bloco há que se cumprir requisitos acordados há quatro anos que ainda não foram cumpridos", afirmou.
A presidência do Mercosul está sendo exercida pelo Uruguai, cujo mandato termina amanhã. O governo do presidente Tabaré Vázquez, de centro-esquerda, pretende transferi-la para a Venezuela, como manda o regimento do grupo, determinado por ordem alfabética, mas tem encontrado a oposição do Brasil e do Paraguai.
"O Brasil quer que a Venezuela cumpra com os requisitos necessários para participar plenamente do Mercosul", acrescentou o interino, entre os quais estão regras alfandegárias e de outra natureza. Temer lembrou ainda que quando a Venezuela entrou no Mercosul - durante a suspensão do Paraguai em virtude do controvertido processo de impeachment do presidente Fernando Lugo - foi estabelecido o prazo de quatro anos para conclusão dessas metas.
Crise. O substituto de Dilma lembrou ainda que o Brasil monitora com preocupação a situação na Venezuela, mas não faz juízos sobre assuntos internos de outro país. "Não cometeremos o mesmo erro", disse Temer em referência as críticas de Maduro ao impeachment da presidente, que o líder bolivariano considera um golpe.
Para o presidente interino, o Mercosul é "de extrema importância", uma vez que o Brasil é um sócio-fundador da aliança alfandegária. Ainda assim, defendeu adequações nas regras do bloco que deem mais liberdade comercial a seus membros. "O Brasil não pode estar amarrado ao ponto de não poder fazer acordos internacionais", concluiu. /EFE