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Tensão cresce na Líbia após 47 mortes em 2 dias

Moradores entram em choque com mílicia em bairro de Trípoli; Exército luta pelo controle da região e violência ameaça lançar país em nova guerra

Atualização:

Autoridades líbias informaram neste sábado que 47 pessoas morreram em um subúrbio de Trípoli em 2 dias e mais de 500 ficaram feridas em confrontos entre a população e milicianos da cidade de Misrata. O aumento da violência, segundo analistas, poderá colocar a Líbia à beira de uma nova guerra civil.

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O primeiro-ministro líbio, Ali Zeidan, exigiu que, até o fim do ano, todos os grupos paramilitares deixem Trípoli, que ainda está ocupada por milícias que participaram da luta contra o coronel Muamar Kadafi, morto em outubro de 2011 - muitas delas são de outras cidades, como Misrata e Zintan, o que reflete a fragmentação do país.

Em outubro, o premiê foi sequestrado e passou algumas horas sob domínio de uma dessas milícias. Na semana passada, Zeidan intensificou a pressão para que elas abandonem a capital. Estima-se que hoje existam cerca de 1,7 mil grupos armados na Líbia, todos com reivindicações diferentes.

Com frequência, os grupos armados se envolvem em confrontos entre si ou entram em choque com a população, que exige que as milícias sejam desarmadas, desmanteladas ou que se juntem ao Exército regular da Líbia.

Na sexta-feira, uma manifestação pacífica foi realizada diante da sede de uma milícia de Misrata, em Ghargour, no subúrbio de Trípoli. O líder da milícia, Taher Basha Agha, diz que havia muita gente armada no protesto. No início, os milicianos tentaram dispersar a multidão com tiros para o alto. Como não conseguiram, dispararam contra os manifestantes, matando 43 pessoas, de acordo com o ministro da Justiça, Salah al-Marghani.

Em seguida, dezenas de moradores armados invadir o local, começando um confronto com os milicianos que fugiu do controle das autoridades. A milícia recebeu reforço de homens e armamento, enviados de Misrata - a 200 quilômetros da capital - e retomaram o controle do prédio. O premiê pediu calma e disse que "as próximas horas serão decisivas para o sucesso da revolução líbia".

Neste sábado, foram registrados novos confrontos, desta vez envolvendo soldados do Exército e milícias pró-governo, que tentaram reassumir o controle de Ghargour - pelo menos quatro pessoas morreram. A dificuldade para retomar essas posições mostra como o Estado líbio ainda é fraco e dificilmente terá forças para desmantelar os grupos armados.

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