Tentativa de assassinato aumenta tensão entre Fatah e Hamas

Milicianos do Fatah ameaçam tomar em massa toda a Faixa de Gaza

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Por Agencia Estado
Atualização:

A tentativa de assassinato de Tareq Abu Rajab, chefe dos serviços secretos palestinos na Cidade de Gaza e leal ao presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, aumentou a tensão entre o Fatah e o Hamas, e gera temores sobre novos confrontos armados. Tareq Abu Rajab ficou ferido devido à explosão ocorrida em um elevador do quartel-general dos serviços secretos da ANP, situado ao norte da Cidade de Gaza. Um dos guarda-costas de Rajab morreu e outras dez pessoas ficaram feridas na explosão, informaram fontes da segurança palestina. Abu Rajab, militante do movimento Fatah e próximo a Abbas, teria o hábito de usar o elevador do quartel-general todas as manhãs. O Ministério do Interior, controlado pelo movimento islâmico Hamas, disse que a explosão foi causada pela detonação acidental da granada de mão que estava com um dos guarda-costas de Abu Rajab. A versão do Hamas faz sentido se for levada em consideração a dificuldade de se entrar no quartel-general dos serviços secretos da ANP, um edifício que, surpreendentemente, permaneceu intacto durante os últimos cinco anos e meio de confrontos entre palestinos e israelenses. No entanto, o Fatah anunciou que o incidente é uma tentativa de assassinato do presidente da ANP e já ordenou a abertura de uma investigação para esclarecer as circunstâncias nas quais ocorreu o suposto atentado contra Abu Rajab. A interpretação dos incidentes pelo Fatah - correta ou não - é suficiente para acirrar a tensão entre os dois movimentos e aumentar os temores de um confronto em grande escala. Nas últimas semanas, pelo menos cinco ativistas já morreram na luta pelo poder entre as duas facções. Trata-se, no mínimo, da segunda tentativa de assassinato contra Abu Rajab, que já ficou gravemente ferido em meados de 2004, quando um grupo de palestinos atirou contra um comboio no qual viajava. Assim como desta vez, Abu Rajab havia sido levado, junto com outros feridos, para um hospital israelense. Antes deste mais recente ato de violência, o ambiente nas ruas de Gaza era muito tenso nesta semana, por causa da presença de 3.000 membros de um novo órgão de segurança leal ao governo do Hamas. O presidente da ANP ordenou a retirada imediata desses efetivos das ruas de Gaza e o aumento de agentes leais ao Fatah. O Hamas respondeu com a ameaça de aumentar ainda mais o número de membros de sua nova força armada. Uma nova facção armada vinculada ao Fatah, criada paralelamente à do Hamas, anunciou hoje o prazo de três dias ao Governo para desmantelar esse novo órgão de segurança. "As forças de proteção do Fatah dão três dias ao governo do Hamas para dissolver as forças de apoio criadas pelo ministro do Interior, Said Siyam", afirmou neste sábado um porta-voz da milícia do Fatah, que se identificou aos jornalistas como Abu Jihad. Os milicianos do Fatah ameaçam tomar em massa toda a Faixa de Gaza. Além disso, Abu Jihad solicitou que o presidente da ANP destitua o governo do Hamas e convoque eleições antecipadas.

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