Tepco pode despejar água contaminada de Fukushima no mar

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Por SHINICHI SAOSHIRO
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A operadora da usina nuclear danificada de Fukushima, no Japão, está considerando despejar no oceano a água que foi tratada para a contaminação radioativa, e isso pode ocorrer ainda em março, disse a empresa nesta quinta-feira, incitando protestos de grupos pesqueiros. A Tokyo Electric Power (Tepco), operadora da usina Fukushima Daiichi, que foi atingida por um massivo tsunami em março e desencadeou o pior acidente nuclear em 25 anos no mundo, disse estar ficando sem espaço para armazenar parte da água que foi tratada na usina devido ao influxo de água do solo. "Gostaríamos de aumentar o número de tanques para acomodar a água, mas será difícil fazer isso indefinidamente", disse o porta-voz da Tepco, Junichi Matsumoto, a jornalistas. Segundo ele, a usina provavelmente atingiria sua capacidade máxima de armazenagem, de aproximadamente 155 mil toneladas, em março ou perto dessa data. A Tepco pretende estudar novos meios para lidar com o resíduo radioativo e deve apresentar suas propostas à agência reguladora do setor nuclear para aprovação. "O governo não deveria, não deve, aprovar um plano que permita à Tepco despejar no oceano a água tratada", disse Kenji Sumita, professor emérito da Universidade de Osaka e especialista em engenharia nuclear. "A realidade é que a armazenagem semipermanente é a única solução disponível diante das limitações tecnológicas atuais. A Tepco pode ter de encontrar espaço de armazenagem e buscar uma descoberta tecnológica nos próximos anos que permita à empresa condensar e reduzir consideravelmente o volume de água contaminada." O reconhecimento dessa dificuldade é um passo atrás para a empresa, que parece estar progredindo em seu processo de limpeza. A Tepco construiu um sistema de resfriamento que não requer mais o bombeamento de grandes quantidades de água, além de outro mecanismo, baseado em tecnologias da França, EUA e do próprio Japão, para descontaminar uma grande piscina de água que abastecerá o sistema de resfriamento. A empresa disse que os representantes de uma federação nacional de cooperativas pesqueiras visitaram nesta quinta-feira a sede da Tepco, em Tóquio, para protestar. A empresa disse estar avaliando o potencial impacto ambiental de jogar fora a água que estava acumulando na usina, mas se for obrigada a tomar essa decisão, despejaria a água que tiver o menor efeito no ambiente. Dezenas de milhares de toneladas de água contaminada com radiação se acumulam no começo da crise na usina, localizada a 240 quilômetros a noroeste de Tóquio, depois que a Tepco tentou resfriar os reatores com água coletada, em sua maior parte, do oceano. O resfriamento era necessário para evitar o superaquecimento dos reatores após o derretimento das barras de combustível.

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