Termina 1ª rodada de negociações sobre lei francesa

Manifestantes mantém posição irredutível sobre CPE, mas governo já admite discutir um projeto substitutivo para a nova legislação

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Por Agencia Estado
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Terminou nesta sexta-feira a primeira rodada de contatos entre os líderes parlamentares do partido governista francês, o conservador UMP, e os representantes de movimentos sociais e sindicatos. As negociações buscam uma saída para a crise sobre o Contrato Primeiro Emprego(CPE), uma nova legislação trabalhista que tem por objetivo ampliar a oferta de emprego para jovens no país. Os movimentos sociais alegam que a lei irá piorar a situação dos trabalhadores franceses. Nas conversas com os legisladores da UMP, os líderes dos sindicatos de trabalhadores e das organizações estudantis contrárias ao contrato se mantiveram firmes, exigindo que o CPE seja revogado antes de 17 de abril - quando começam as duas semanas de recesso parlamentar -, como condição prévia a qualquer negociação. De acordo com veículos de comunicação, o presidente da UMP e ministro do Interior francês, Nicolas Sarkozy, e os parlamentares de seu partido, podem propor aos sindicatos e associações patronais que abram negociações sobre um dispositivo para substituir o polêmico contrato. Um projeto de lei seria apresentado no Parlamento para confirmar que o artigo 8º - que cria o CPE - não será aplicado enquanto durarem as negociações. Não ficou claro o que novo projeto de lei conteria ou quando ficará pronto. O anúncio da oferta da UMP, que seria feito em entrevista de seu líder ao jornal Le Figaro nesta sexta-feira, foi adiado a pedido de Sarkozy, sob o argumento de que a rodada de contatos com os agentes sociais não havia terminado ainda. A porta-voz do sindicato Solidaires, Annick Coupé, disse que as autoridades entenderam "a urgência da situação", mas provavelmente não anunciarão nada antes de segunda-feira, já que têm que trabalhar "muito" neste fim de semana. Coupé disse também que "insistimos para que anunciem seus projetos" antes da reunião da intersindical (das 12 organizações sindicais e estudantis contrárias ao CPE) convocada para segunda-feira à tarde. Coupé afirmou ainda que, se não houver uma resposta "clara" sobre a retirada do CPE, serão convocadas novas mobilizações. Até o momento, foram cinco dias de greve geral e protestos. O último, na terça-feira, reuniu de 1 milhão a 3 milhões de manifestantes nas ruas. Os militantes contrários ao CPE mantiveram a pressão nesta manhã com bloqueios de ônibus em Nantes, oeste do país, e do tráfego em uma famosa avenida de Paris, além de terem ocupado o escritório de um deputado conservador em Le Havre, entre outras ações. Atropelamentos Um motorista irritado com manifestantes que bloqueavam o caminho em uma rua de Paris nesta sexta-feira jogou seu carro contra a multidão, deixando 10 pessoas feridas. Jovens furiosos viraram o veículo e tentaram arrastar o motorista antes da polícia intervir. O incidente ocorreu por volta das 14h, 9h horário de Brasília, na avenida Saint-Gérmain, perto da praça de Saint-Michel. Segundo uma testemunha, o motorista atropelou quatro pessoas, sendo que uma delas foi arrastada por vários metros. Dois estudantes ficaram levemente feridos. Em seguida, dezenas de manifestantes cercaram o veículo e o viraram na rua, enquanto chutavam a lataria do carro e tentavam tirar o motorista. A rápida ação dos policias que estavam na área impediu, segundo as testemunhas, o linchamento do motorista. Minutos mais tarde, dezenas de agentes antidistúrbios chegaram ao local para dispersar os manifestantes. O homem, de 20 anos, foi preso, informou a polícia. Fora de perigo Fontes de um hospital de Paris anunciaram na sexta-feira que o sindicalista Cyril Ferez, de 39 anos, saiu do coma. Ele foi gravemente ferido durante o confronto entre manifestante violentos e a polícia após um ato contra o CPE em Paris, em 18 de março. As circunstâncias da agressão ainda não foram esclarecidas.

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