
14 de dezembro de 2013 | 02h02
O funeral de Mandela estava sendo preparado ontem, em Qunu, com o auxílio de um forte esquema de segurança montado pela polícia e pelas Forças Armadas. Nas estradas da região, várias barreiras foram impostas, impedindo pessoas não autorizadas de se aproximar da área em que será realizada a cerimônia no domingo. Helicópteros patrulhavam toda a região. O objetivo do governo sul-africano é garantir a segurança dos líderes políticos que participarão do sepultamento - caso do príncipe Charles, da Grã-Bretanha, por exemplo -, e assegurar a privacidade do evento.
Ontem, o porta-voz do governo sul-africano confirmou que, a pedido da família, o funeral de Mandela será restrito aos convidados. "A família deseja que o sepultamento seja um assunto da família. Ela não quer televisionamento", explicou Phumia Williams.
Para os não convidados, a última oportunidade de prestar homenagem a Mandela será sair às ruas hoje para acompanhar o cortejo fúnebre, que ocorrerá ou na cidade de East London, ou na de Mthatha, as duas vizinhas de Qunu. A definição se dará de acordo com as condições climáticas, que indicarão para qual aeroporto o corpo será transportado. No domingo, o funeral ocorrerá entre 8 e 10 horas, numa área privada de uma das propriedades de Mandela, construída após seus 27 anos de cárcere. Essas homenagens serão acompanhadas por mais de 5 mil convidados e transmitidas pela TV. "A partir das 10 horas, ocorrerá o enterro propriamente dito. Só a família poderá assistir, além de algumas raras personalidades", disse Williams. De acordo com o porta-voz, nenhum dos mais de 3 mil jornalistas que já estão na região poderá participar da homenagem ou testemunhar o sepultamento.
Em Qunu, a atmosfera é de introspecção e despedida, mas também de orgulho. Moradores ouvidos pelo Estado ontem se mostravam divididos entre saudar a trajetória de vida de Mandela e lamentar sua morte, mas sempre se mostraram honrados de receber o corpo do ex-presidente. "O final de semana será mais um momento para refletir sobre sua vida e para chorar a sua perda", afirmou Guida Swa, de 27 anos. Para a estudante Zozibini Ngqeleni, de 23 anos, o pedido de Mandela para que fosse enterrado em sua tribo é mais um sinal de humildade que o líder negro cultivava. "Madiba foi um grande homem e um líder que lutou pela nossa liberdade", disse. "Estou feliz por ter nascido e viver na terra do mito Nelson Mandela."
Ontem, o último dia de velório em Pretória terminou em confusão. Sem dar conta da demanda, os organizadores do evento fecharam os portões de acesso. Houve tumulto entre a polícia e os sul-africanos que desejavam prestar um último sinal de respeito ao líder.
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