Terrorista provocou Trump antes de agir

Pelo Facebook, Ullah disse que o presidente não conseguia proteger o próprio país

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Por Redação
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NOVA YORK - O homem que detonou na segunda-feira uma bomba no metrô de Nova York zombou do presidente Donald Trump pelo Facebook momentos antes do ataque. “Trump, você não é capaz de proteger o seu país”, escreveu Akayed Ullah, de 27 anos, segundo o prontuário criminal. Levado ao hospital com queimaduras nas mãos e no abdome, ele disse aos policiais que o escoltaram: “Fiz pelo Estado Islâmico”.

Donald Trump é a favor de um projeto de lei quelimitaria o número de vistos de residência permanente e eliminaria a capacidadedos cidadãos de levar familiares para o país. Foto: Michael Reynolds/EFE

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O homem, natural de Bangladesh, será indiciado por apoiar o terrorismo, utilizar armas de destruição em massa e de colocar uma bomba em local público. Uma fonte ligada às investigações disse à CNN que Ullah, que jurou lealdade ao Estado Islâmico, agiu em resposta aos ataques israelenses na Faixa de Gaza nos últimos dias – crise que começou após a decisão do governo americano de reconhecer Jerusalém como capital de Israel. 

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Três pessoas, incluindo um policial, sofreram pequenas lesões quando Ullah detonou uma bomba caseira em uma passagem subterrânea entre a estação de metrô que fica debaixo do terminal de ônibus de Port Authority e a estação de metrô de Times Square, em Manhattan.

Policiais de Bangladesh interrogaram a mulher de Ullah. Segundo parentes, ele esteve no país em setembro para visitar a família e conhecer o filho recém-nascido. Ullah ficou um mês no país, mas retornou para os EUA sem levar a família. 

O terrorista foi internado com queimaduras causadas pelos explosivos, que estavam atados a seu corpo e não foram detonados completamente, segundo autoridades americanas. Investigadores consideram o caso como um ataque suicida fracassado.

Mais detalhes sobre a vida de Ullah surgiram nesta terça-feira. O ex-motorista de limusines chegou aos Estados Unidos em 2011 por meio de um visto familiar, de acordo com autoridades de imigração. Seu tio, naturalizado americano, vive no Brooklyn, segundo o New York Times. Ullah vivia com a mãe, a irmã e dois irmãos, também no Brooklyn, e tinha um green card, de acordo com Shameem Ahsan, cônsul-geral de Bangladesh em Nova York. 

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Durante as buscas no apartamento dele, os detetives encontraram um passaporte com a frase “EUA, espero que morram no inferno”. Segundo a polícia, ele havia enchido a bomba caseira com pregos e parafusos. Os investigadores disseram que o homem começou a reunir “duas ou três semanas atrás” o material necessário para a fabricação da bomba – fios elétricos, uma bateria de 9 volts, parafusos de metal – que ele montou em seu apartamento.

De acordo com o relatório da polícia, Ullah começou a pesquisar como fabricar uma bomba após observar na internet material de simpatizantes do Estado Islâmico, incluindo um vídeo em que o grupo exorta seus seguidores a cometer atentados em seus países se não puderem ir para o exterior para se incorporar ao movimento.

Horas após a explosão, o presidente Trump usou a origem do agressor para justificar seu pedido de limitar a entrada de estrangeiros nos EUA. “O suspeito entrou em nosso país por meio de uma lei de imigração de família estendida, que é incompatível com a segurança nacional”, disse Trump, em comunicado, no qual pediu ao Congresso que aprove várias modificações no sistema de imigração dos EUA. 

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Antes, a porta-voz da Casa Branca, Sarah Huckabee Sanders, disse que as propostas de Trump “talvez tivessem impedido” o atentado – Bangladesh, no entanto, não foi incluído no decreto presidencial que veta a entrada de imigrantes de sete países: Chade, Irã, Líbia, Coreia do Norte, Somália, Síria, Venezuela e Iêmen. 

Segundo o procurador-geral de Manhattan, evidências parecem confirmar que Ullah se radicalizou nos EUA. Os sinais de radicalização, aparentemente, passaram despercebidos pela polícia de Nova York, uma cidade onde os recursos antiterroristas foram consideravelmente fortalecidos após os ataques de 11 de setembro de 2001. / AP e AFP

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