Terroristas eram cruéis, organizados e treinados

Relatos de militares ajudam a montar quebra-cabeça de ataques

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Por Redação
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Os terroristas que atacaram Mumbai eram bem treinados, organizados e não demonstravam qualquer tipo de remorso. Esses são os primeiros relatos feitos por policiais e militares indianos que combateram os militantes e tentam montar o complicado quebra-cabeça sobre a origem e a motivação do grupo. "É óbvio que eles foram treinados em algum lugar especializado. Ninguém opera um fuzil automático e lança granadas desse jeito sem treinamento", disse à imprensa um oficial indiano, membro dos comandos da Marinha que enfrentaram os terroristas, que pediu para não ser identificado. O cenário dentro do Hotel Taj Mahal, de acordo com outro soldado de elite, era desolador. "Havia corpos e sangue por todos os lados. Não podíamos atirar por causa dos reféns", afirmou. Para piorar, segundo ele, as forças indianas ficaram perdidas em meio ao labirinto de mais de 500 quartos, enquanto os terroristas pareciam ter estudado o terreno. ?NAVIO-MÃE? A seqüência exata dos acontecimentos ainda não está completamente clara, mas os investigadores já têm uma idéia da cronologia dos ataques, que foram planejados com grande antecedência e estudo. O objetivo principal, de acordo com a polícia, era "criar e espalhar o pânico" pela cidade. Às 21h20, horário local, os militantes chegaram a Mumbai pelo mar, provavelmente em uma pequena embarcação roubada. O número exato de terroristas ainda não é conhecido - a polícia divulgou apenas que matou nove e prendeu sete, dos quais três paquistaneses. A Marinha da Índia suspeita que eles tenham entrado em águas indianas a bordo de um navio maior antes de embarcarem na lancha que os levaria até Mumbai. A Guarda Costeira apreendeu ontem um barco abandonado em alto-mar, o Kuber. Nele, foram encontrados um corpo, um celular e um aparelho de GPS, que a polícia considera peça-chave nas investigações. Os policiais acreditam que o Kuber seja o "navio-mãe" da operação e estão vasculhando os registros telefônicos do celular para mapear as ligações. Assim que desembarcaram, eles se dividiram em quatro ou cinco grupos. Alguns foram flagrados por câmeras de segurança. Eles eram jovens, vestiam-se como ocidentais e carregavam fuzis automáticos e mochilas enormes onde guardavam alimentos, granadas, explosivos e munição - um policial disse que encontrou 400 cartuchos em uma delas. Um grupo dirigiu-se para a estação de trem Chhatrapati Shivaji, primeiro alvo dos terroristas. No saguão, lançaram granadas e atiraram contra a multidão. Um segundo grupo abriu fogo no Café Leopold, um dos mais populares de Mumbai, enquanto um terceiro tomou de assalto a Casa Nariman, onde fica um centro judaico. Um quarto grupo - ou, de acordo com dados preliminares, o mesmo que atacou a estação - abriu fogo contra o hospital Cama e Albless. Todos os eventos aconteceram quase simultaneamente. Às 22 horas, os terroristas - um quinto grupo ou um reagrupamento de outros bandos - tomaram os hotéis Taj Mahal e Oberoi, atirando indiscriminadamente nos lobbies, corredores e iniciando o drama dos reféns.AP E GUARDIAN

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